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Linguagista

Jornais

Eventualmente

 

 

      «Vários leitores», escreve o provedor do leitor do Público na edição de hoje, «têm chamado a atenção para a frequência com que deparam com erros de tradução nas páginas do jornal. Têm razão em fazê-lo: esses erros — que por vezes chegam a ser anedóticos — podem distorcer informações ou, no mínimo, torná-las confusas. Em alguns casos, resultam da “tradução” literal de termos estrangeiros, sem atenção às expressões idiomáticas próprias da língua de origem ou à sintaxe da língua portuguesa, como parece ter acontecido no caso recente, assinalado pela leitora Eunice Silva, do texto intitulado “Bactéria irmã da tuberculose pode ajudar a combater doença” (edição on line, 6/9).

      A peça noticiava os resultados de uma investigação publicada numa revista científica de língua inglesa e é de presumir que tenham sido traduzidas do artigo original frases como esta: “Há estirpes muito resistentes que a medicina actual tem menos e menos ferramentas para lutar contra”. A leitora argumenta que “esta frase não faz sentido em português, além de se notar que é uma tradução (uma má tradução, diga-se)”. Admite que a expressão “menos e menos” (em vez do português “cada vez menos”) tenha resultado do “less and less” inglês, e critica sobretudo a estrutura sintáctica da frase”, pois em bom português ter-se-ia escrito “há estirpes muito resistentes contra as quais a medicina actual tem cada vez menos ferramentas”. Eunice Silva refere ainda a existência, na mesma peça, de uma provável distorção do sentido do texto original, resultante do erro infelizmente comum de “traduzir” o vocábulo inglês “eventually” por “eventualmente”» («Traduções mal feitas e outros equívocos», p. 55).

 

[Texto 563] 

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