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Linguagista

Léxico: «indigenização»

Se não existe, inventa-se

 

 

      «No primeiro dia do congresso do seu partido, a ZANU-PF, em Gweru, no centro, Robert Mugabe, de 88 anos, defendeu a “indigenização” total do capital estrangeiro, isto é, 100% devem estar nas mãos de naturais do país negros [sic]. Esta medida é fonte de desentendimento com o Governo de Morgan Tsvangirai. O país vota nova Constituição em 2013» («Capital estrangeiro será “indigenizado”», Diário de Notícias, 8.12.2012, p. 28).

 

[Texto 2412]

«Ribaldaria/rebaldaria»

Devia lá estar

 

 

      “O PREC (Período Revolucionário em Curso) na Justiça tem de acabar. Não podemos estar sujeitos a esta rebaldaria.” Num tom crítico, o presidente do Conselho Distrital de Lisboa (CDL) da Ordem dos Advogados, Vasco Marques Correia, condenou a forma como estão a ser conduzidas vários processos judiciais, entre eles o que envolve Medina Carreira» («Ordem dos Advogados apresenta queixa na PGR», Sílvia Freches, Diário de Notícias, 8.12.2012, p. 5).

      Até o dicionário de Morais em «ribaldaria» remete para «rebaldaria», mas não, estranhamente, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, que não regista este último.

 

[Texto 2411]

Como se escreve nos jornais

Há sempre pior

 

 

      «O nome Medina Carreira será, de acordo com fontes judiciais, um código criado por Francisco Canas, um dos arguidos do processo e que seria o angariador em Portugal de dinheiro para colocar na Suíça, que se encontra em prisão preventiva, para identificar outro cliente. Já Manuel Vilarinho, ex-presidente do Benfica, teve, de facto, uma ligação ao esquema. Mas antecipou-se e aderiu ao Regime Especial de Regularização Tributária (RERT), evitando qualquer tipo de acusação. Conclusão: nenhum dos buscados foi constituído arguido» («Buscas a casas de Medina Carreira e Vilarinho foram dois “tiros no escuro”», Carlos Rodrigues Lima, Diário de Notícias, 8.12.2012, p. 4).

      Então agora as pessoas alvo de buscas por parte das autoridades são «buscados»? Muito me conta, Carlos Rodrigues Lima. E não encontrou melhor redacção do que «colocar» dinheiro?

 

[Texto 2410]

Ainda «entroikado»

E agora a justificação

 

 

      Ana Salgado, lexicógrafa do Departamento de Dicionários da Porto Editora a propósito da palavra «entroikado» em entrevista ao Diário de Notícias: «Se uma palavra ocorre frequentemente, nomeadamente em notícias, é necessário defini-la para esclarecer o público em geral. A palavra “entroikado” é um excelente representante da produtividade da língua portuguesa: juntando um elemento à esquerda e outro à direita da palavra “troika” nasce um novo vocábulo.» 

      Então, devo estar mesmo mal — porque nunca li nem ouvi nas notícias a palavra «entroikado». Está bem formada, sim, mas mais parece uma pseudopalavra. Faltam dezenas de palavras, usadas todos os dias, no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora e noutros dicionários, é desperdício de tempo e recursos estar a pôr lá esta. Espero, pelo menos, que não a levem para a edição em papel.

 

[Texto 2409]