Anglicismos na linguagem científica
Seleccionados pelo acaso
«Num artigo de opinião aparecido no último número do Expresso [23 de Agosto, p. 34], insurge-se o Prof. Gentil Martins com a utilização generalizada de anglicismos na linguagem científica biomédica, dando como exemplo a designação de Medicina Baseada na Evidência. Porque este é um assunto relevante, gostaria de defender a ideia que a utilização de anglicismos na comunicação científica pode ser perfeitamente justificável em certos contextos cuidadosamente selecionados, não significando isso menos respeito pela língua portuguesa (como afirma o Prof. Gentil Martins). […] Defendo sempre a língua portuguesa nas nossas publicações, em que procuro escrevê-la com o máximo de rigor e elegância. Mas mantenho-me convicto de que, em circunstâncias especiais e cuidadosamente selecionadas, a utilização de anglicismos na linguagem científica é necessária, já que aumenta quer a sua clareza quer a sua compreensão» («O uso de anglicismos na linguagem científica», António Vaz Carneiro, Expresso, 30.08.2014).
Tudo leva a crer que a ideia repetida é a mais relevante. A pergunta que se impõe então, a meu ver, é esta: quem selecciona esses anglicismos indispensáveis? Todos sabemos a resposta: ninguém selecciona nada, as coisas acontecem mais ou menos aleatoriamente. Além disso, que tem que ver o uso de um anglicismo na designação de um ramo da medicina com o uso de anglicismos em artigos científicos? Muito pouco.
[Texto 5003]