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Linguagista

Portugal dos Pequenitos

Até querem apostar

 

 

   Mais um que pensa que o nome é Portugal dos Pequeninos... Alguns até querem apostar que é esta a designação. Não surpreende muito, pois na própria Infopédia se lê que Bissaya Barreto «fundou, também, “O Ninho dos Pequeninos”, atualmente chamado “Portugal dos Pequeninos”». Certo, só em guias de viagem em língua inglesa ou alemã se vai vendo.

 

[Texto 5008]

Alemães incompetentes

Cai o mito

 

 

      Acabei de comprar uma embalagem da marca Ordex com doze discos de cedro-vermelho para afugentar as traças. É um produto da OWIM, empresa com sede em Neckarsulm, na Alemanha, e por isso temos de acreditar nos dizeres em alemão da embalagem: mottenschutz (que o Dicionário de Alemão-Português da Porto Editora ignora, mas regista mottenfest), ou seja, antitraça. O que está escrito em português, porém, é «protecção contra mosquitos». Valia mais que ficasse apenas em castelhano, protectores antipolillas, porque polilha ou polela também é o nome que damos às traças. Se quiserem, digam-lhes (que vão da minha parte): info@owim.com.

 

[Texto 5007] 

A culote portuguesa

Nem a brasileira

 

 

   Numa das últimas edições da revista Lux, li um anúncio da Clínica de Nutrição de Lisboa sobre um novo método de lipoaspiração. «A nova lipo não-cirúrgica, com resultados numa única sessão», gabam-se. Mais: «Apresentamos o novo aplicador concebido para tratar a gordura localizada na culote, o CoolSmooth.» Na culote... Para mim, «culote(s)» eram apenas as calças. Nem o Aulete lhes vale, pois para este dicionário culote é como coloquialmente se designa, no Brasil, o «excesso de gordura localizada na parte lateral dos quadris». Se quiserem, digam-lhes (que vão da minha parte): lisboa@nutricionista.com.

 

[Texto 5006]

O defuntíssimo verbo «pôr»

Os ombros e o Sol

 

 

      «Da próxima vez que eu estiver na mesma sala que Proença de Carvalho vou procurar roubar-lhe a carteira, e quando ele gritar “agarra que é ladrão”, colocarei o braço à volta do seu ombro e direi em tom melífluo: “Ó sotôr, autos-de-fé e julgamentos no pelourinho ficam-lhe muito mal. Aguarde pelo contraditório, se faz favor”» («Proença, Salgado e o contraditório», João Miguel Tavares, Público, 2.09.2014, p. 40).

      Seja qual for a intenção, já ninguém põe o braço nos ombros dos outros. Pobre verbo «pôr». No domingo, numa reportagem do Curdistão Iraquiano, José Rodrigues dos Santos (o jornalista, não o romancista) dizia: «O Sol está a pôr e encontramo-nos em plena linha da frente numa estrada que faz a defesa de Erbil juntamente com os Peshmerga [sic] que se encontram nesta posição adiantada.»

 

[Texto 5005]

Léxico: «toca-e-foge»

Temos jogo

 

 

  «Pouco depois, entrou Maria Braz com um cesto repleto de verdes vegetais, que desencovara na horta. As canoras dormitavam como crianças cansadas das suas brincadeiras pueris de toca-e-foge» (Os Demónios de Álvaro Cobra, Carlos Campaniço. Lisboa: Editorial Teorema, 2013, p. 38).

   Até há poucos dias, só estava no Prontuário Ortográfico e Guia da Língua Portuguesa, de Magnus Bergström e Neves Reis; agora, por sugestão minha, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora também o regista.

 

[Texto 5004]