Léxico: «harappiano/harappense»
Qual o receio?
«Os desenhos de animais nas peças de artesanato produzidas pela antiga civilização de Harappa, cidade localizada na actual China e cujas ruínas mais antigas datam de 3300 a.c., são marcas, assim como os grupos que se organizavam por actividades comerciais no longínquo Período Shang, a dinastia chinesa que governou entre 1766 e 1122 a.c.. […] “As cidades Harappeanas acolhiam artesãos que trabalhavam pedra e bronze. As peças que concebiam eram ilustradas com figuras de animais, usadas como marca que representava a produção da zona”, concluem os investigadores da McGill University. “As marcas não são um elemento de hoje. Foram desenvolvidas e desenvolveram a sociedade”, acrescentam» («As marcas nasceram antes de Jesus Cristo», Raquel Almeida Correia, Público, 10.10.2008, p. 14).
Tinha de pôr um sic depois dos erros, mas desta vez que os ponha o leitor, porque me quero concentrar no que está assinalado. Os dicionários estão calados que nem ratos sobre a questão. «Civilização de Harappa» não me parece mal, evidentemente, mas acontece que em 99 % dos casos o que se escreve é «Civilização Harappa», o que devia envergonhar qualquer pessoa com algumas luzes de entendimento. Senhores dicionaristas, precisamos do adjectivo! Harappiano ou harappense – e ambas as formas se vêem, e até apenas com um p – parecem-me bem.
[Texto 5047]