Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

«Cidra/sidra»

Vinho de maçã

 

 

   O calvados, lê-se no original, é «une eau-de-vie de cidre d’origine normande». E no portal do departamento de Calvados fala-se, como é natural, da bebida e das «pommes à cidre», de que há mais de 400 variedades na Normandia, com que é feita. Só que nós temos duas palavras semelhantes — cidra e sidra —, e a cidre da língua francesa corresponde, contra-intuitivamente, à nossa sidra. Por sorte, não têm uma sidre que correspondesse à nossa «cidra», o que não impede, ainda assim, os equívocos nas traduções.

 

[Texto 5078]

«Binge drinking»/«calage»

Bezana rápida

 

 

      «Outro problema destacado no relatório é o da alteração do padrão do consumo de álcool entre os jovens portugueses, que bebem cada vez mais cedo, quase só aos fins-de-semana e muitas vezes com intenção de intoxicação rápida (binge drinking)» («Noruega vai financiar estudo sobre o impacto da crise na saúde mental dos portugueses», Alexandra Campos, Público, 11.10.2013, p. 8).

      No francês do Canadá, diz-se calage: «Le calage est une activité qui consiste à boire la plus grande quantité d’alcool possible le plus rapidement possible.» Já sabemos como se diz em inglês, em francês — falta saber como se diz em português. Beber até cair?

 

[Texto 5077]

«Autocontente»!

E o léxico trôpego?

 

 

      «Com professores, directores e escolas em polvorosa e abundantes protestos públicos de pais e autarcas, o país testemunhou 
um ministro em negação, autocontente e ufano por ter um ano a “arrancar com normalidade”, aparentemente inconsciente ante o desastre e doentiamente alheio
 ao desrespeito, que personificou, pelos cidadãos, particularmente pelos muitos professores desempregados, cuja vida gratuitamente destroçou» («O absurdo de um matemático de ética trôpega», Santana Castilho, Público, 24.09.2014, p. 45).

 

[Texto 5076]

Ah, o inglês

Sendo assim, estamos salvos

 

 

      «Diante de uma plateia de reitores, o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, perguntou se, caso alguém ligasse para uma das instituições de ensino superior a pedir informações sobre os cursos e dissesse “I would like to have information about your courses”, haveria na secretaria quem soubesse responder em inglês. Um burburinho percorreu a primeira fila e os reitores e presidentes de institutos politécnicos acenaram que sim com a cabeça» («Mais acesso a fundos europeus para internacionalizar o ensino superior», Maria João Lopes, Público, 24.09.2014, p. 12).

 

[Texto 5075]

Léxico: «esteato-hepatite»

Nem na 4.ª classe

 

 

  No original, francês, lê-se stéatohépatite. Alguém, fortemente desancorado da realidade e sobretudo da ortografia, traduziu para «esteatohepatite». Uma injecção bem doseada de estricnina resolvia o caso, mas antes temos de lamentar que a palavra não esteja nos dicionários ­— com estas consequências.

 

[Texto 5074]