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Linguagista

«Interstelar/interestelar»

Orgulhosamente sós

 

 

      «Segundo os cientistas, no espaço interstelar, as temperaturas mais frias e os raios cósmicos fazem com que se produza mais deutério do que no ambiente mais quente que reinava aquando da formação do nosso sistema solar. Por isso, se houver água na Terra proveniente do meio interestelar, a proporção de deutério hoje será maior do que se toda a água tivesse sido formada de novo, durante o nascimento do sistema solar, há mais de 4,5 mil milhões de anos» («Água na Terra mais antiga do que o Sol aumenta hipótese de vida noutros sistemas estelares», Nicolau Ferreira, Público, 26.09.2014, p. 31).

      No mesmo parágrafo, duas variantes da mesma palavra. Mais houvesse... O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista ambas, embora com uma incompreensível remissão de «interestelar» para «interstelar». Se não registasse alguma delas, nada se podia fazer: já não querem sugestões dos leitores. As correcções e as novas palavras deixaram-nos cansados. Também ficarão orgulhosamente sós.

 

[Texto 5083] 

Ah, o «namedropping»...

Figuras de estilo...

 

 

      «Astrofísicos e cosmólogos, sim. O espectáculo [Albertine, o Continente Celeste] escrito e encenado por Waddington a partir de um eixo central do romance, a personagem de Albertine, é uma viagem no tempo — os formatos, os protocolos e as convicções (a soirée, a corte, o progresso irremediável da ciência) são do início do século XX, mas os meios, os apartes e as figuras de estilo (o vídeo, o namedropping, o inglês como língua franca) são os desta segunda década do século XXI, tal como Marcel Proust os teria usado a seu favor (“give or take a few...”), se então estivessem disponíveis» («Em busca da Albertine perdida, ou uma viagem no tempo com Proust», Inês Nadais, Público, 26.09.2014, p. 32).

 

[Texto 5082]