E pronto, está tudo dito
Ataca o leitor: «Não é meu costume escrever a provedores dos leitores, até porque, de maneira geral, não concordo muito como a função é exercida. Desta vez, porém, não posso deixar de escrever para pedir a sua atenção para o inacreditável título desse jornal. Na terça-feira 16 de Setembro, lia-se no título de um editorial: ‘Um respaldo político ao Banco de Portugal.’Até o meu pobre computador põe um traço vermelho por debaixo da palavra, pois ela não existe em português. É um castelhanismo inútil. Não vou aproveitar para referir os incontáveis pontapés que na Língua vão dando os vossos — e os outros — jornalistas. Já agora, permita-me (...) que chame a atenção dos srs. redactores para que a palavra ‘maturidade’, no sentido de vencimento de pagamento de uma qualquer obrigação financeira, não existe na Língua Portuguesa. É um anglicismo que, creio, foi introduzido por um ministro de má memória. Bem sei que são os economistas, como esse ministro — geralmente pouco dados a conhecimentos gramaticais, ortográficos, etc. —, que começaram a usar esse disparate, mas é verdade que os jornalistas poderiam, e deveriam, evitar o seu uso.”» Defende-se o provedor: «Se destaco este reparo é por mais uma vez registar o cuidado que os leitores manifestam a propósito do tema Língua Portuguesa. Todavia, permito-me dizer o seguinte: Estas palavras, actualmente, estão consagradas no corrente léxico português. Constatei a sua presença no Dicionário da Língua Portuguesa (2009) e no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa (2001). Consultei ainda uma especialista que confirmou a correcção da utilização das palavras» (Público, 28.09.2014, p. 55).
[Texto 5090]