Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

Léxico: «cadernal»

Ainda chegaremos a saber

 

      «Canteiros do século XXI estão a reerguer pedra a pedra o varandim que contorna a torre de menagem do castelo de Beja, construída no século XIV. A única maneira de fazer este trabalho é como se fazia na altura da sua construção. “Todas as pedras são colocadas com recurso a cadernais e à força de braços” explica João Paulo, um dos técnicos da empresa a quem foi adjudicada a recuperação da estrutura» («Pedra a pedra, assim se remonta a torre que ruiu no castelo de Beja», Carlos Dias, Público, 31.03.2016, p. 13).

      No Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, que, além das acepções náuticas, regista uma acepção de outro âmbito que não se adequa, não encontramos o que interessa. Está, porém, no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: «conjunto de quatro roldanas com uma alça comum». Mas, provavelmente, o Sr. João Paulo diria que não é nada disso. Pelo menos os que ele usa.

 

[Texto 6719] 

O estranho «peemedebista»

Em que se fala (também) da GNR

 

      «Mais de cem membros da direcção nacional do PMDB aprovaram por voz e sob aplausos uma moção defendendo a saída imediata do Governo e exigindo que os peemedebistas (como são designados os membros do partido) com cargos no Governo os entreguem, sob pena de enfrentarem sanções do partido» («Saída do PMDB do Governo põe Dilma mais perto do impeachment», Kathleen Gomes, Público, 30.03.2016, p. 48).

      Eu sei que é assim que se diz no Brasil, peemedebista, não sei é se o leitor desprevenido — qualquer leitor do Público, por exemplo — saberá ler a palavra. Sim, apesar da explicação entre parênteses. Recentemente, também me falaram da palavra ceeletista (sim, eu lembro-me de que foi V., Percival), que pode suscitar igualmente problemas de leitura. Na verdade, tanto é assim que os dicionários a registam, com a grafia celetista. O que explica a diferença de registo dicionarístico? Não sei. Certo é que ambas as letras têm dois nomes: eme e mê, ele e lê. Voltemos a este lado do Atlântico. A sigla GNR, por exemplo, também se lê de duas formas diferentes (e podia ser de quatro, mas não quero agora falar disso): gê, ene, erre/gê, nê, erre.

 

[Texto 6718]

Pág. 1/35