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Linguagista

«Corpo-a-corpo/corpo a corpo»

O murro na mesa

 

      E então a Alice escreveu que «era divertido aquele quase corpo-a-corpo entre táxis, autocarros e livros». Nisto, aparece o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, dá um murro na mesa e diz que não. Não?! É que regista apenas «corpo a corpo», tanto no dicionário com o AO90 como no dicionário sem o AO90. Não pode ser: há muito que corpo-a-corpo, substantivo, se escreve desta forma; a locução adverbial, por sua vez, escreve-se sem hífenes, pois claro, corpo a corpo. E mais (e melhor): com o Acordo Ortográfico de 1990, nada mudou. Não podia mudar, ou amputava a língua.

 

[Texto 7808]

Ainda sobre «favela»

Cada coisa em seu lugar

 

      Que coincidência, hein? Tenho muita sorte. «O jornalista e escritor argentino Bernardo Verbitsky (1907-1979). Em 1957 cunhou o termo villas miserias para definir os bairros degradados que se erguem nas margens das cidades argentinas» («Biscoitos de S. Bernardino», O Meu Papa, ed. n.º 6, 5.05.2017, p. 41).

      Pois é, caro Luís Seabra Duque, não precisamos de «favela». Cada coisa no seu lugar: as villas miserias argentinas, as favelas brasileiras, as callampas chilenas, as colonias mexicanas, os barrios brujos panamenhos, os cantegriles uruguaios, as poblaciones nuevas peruanas, e por aí fora.

 

[Texto 7807] 

Léxico: «desdiabolização»

Entre outras

 

      «Na liderança do partido desde Janeiro de 2011, a presidente da Frente Nacional iniciou o processo de “desdiabolização”. O pai, fundador do partido, foi afastado por ser considerado “radical”, juntamente com vários elementos que tinham discursos de ódio, xenófobos e racistas, incluindo de apoio ao nazismo» («Marine Le Pen. A fã de tiro ao alvo que apontou (e falhou) a Presidência de França», Carlos Calaveiras, Rádio Renascença, 19.04.2017, 15h58).

    Mais usado é, por exemplo, o termo desmitologização (e o verbo, desmitologizar), que, todavia, vejo em muito poucos dicionários.

 

[Texto 7806]