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Linguagista

Benfiquenses e portuenses

Tudo muda

 

      «Viajamos no tempo até 1931 e encontramos um Portugal que dava os primeiros passos numa ditadura que se fazia querer militar, numa altura em que futebol se escrevia football, os cantos eram corners, resultado era substituído por score e em plena ação no relvado o jogador shoota ao goal em vez de chutar à baliza. Lembrar também que benfiquistas e portistas eram mais conhecidos por benfiquenses e portuenses. Assim rezam as crónicas dos jornais da época» («No 1.º “portuenses” contra “benfiquenses” já se discutia arbitragem e bilhetes», Miguel Henriques, TSF, 30.11.2017, 13h20).

     Décadas depois, benfiquense saiu do nosso vocabulário e não se encontra nos dicionários, e portuense já não é o adepto ou jogador do Futebol Clube do Porto nem o relativo a esse clube desportivo.

 

[Texto 8422]

«Tolde» e «succínico»

Voltando atrás

 

      Havia um leitor do Linguagista com um feitio especial (ou, para sermos taxonomicamente exactos, com um feitio lixado ou fodido) que ficava todo ele alterado, frustrado porque as questões não eram aqui debatidas, seguidas até ao fim, como se isso fosse sempre possível, necessário ou desejável. Muito faço (e fazemos) eu. Por vezes, porém, tem de se voltar atrás. Já o tenho feito, voltarei a fazê-lo. Por exemplo, em relação a tolde, que, depois da minha sugestão aqui, passou a ter uma definição correcta no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Correcta é como quem diz — este texto tem como fito justamente lembrar que ainda há uma coisinha que não está correcta, e é que o termo tolde, o tal pano que se estende debaixo das árvores, e em especial das oliveiras, durante o varejo, não é usado apenas nas Beiras. No Alentejo, e tenho a certeza absoluta do que afirmo, também se usa. Retomar questões... estaria aqui até Janeiro. Outro exemplo: porque continuamos a ver sucínico apenas no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, usando-se succínico nos dicionários bilingues da Infopédia? E depois há, naturalmente, milhentas questões que não têm nada que ver com os dicionários, e permanecem em aberto. Não raro, o meu mérito foi ter sido o primeiro a falar no assunto, a reparar em algum aspecto particular, a estabelecer analogias clarificadoras.

 

[Texto 8421]

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