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Linguagista

Abreviatura de «menina»

Para se estranhar menos

 

      «Eu sou a Mna. Diospiro e tenho muito orgulho nisso» (Mary Poppins, P. L. Travers. Tradução de José Miguel Silva. Lisboa: Relógio D’Água, 2014, p. 38). «I’m Miss Persimmon and am proud of it!»

      É sempre um problema. Há assistentes editoriais (sim, que isto poucas vezes chegará aos editores) de vistas curtas que proíbem que se traduzam Mr., Mrs. e Miss. Para outros, é indiferente. O que pode trazer dificuldades é, obviamente, a última, porque as outras são os nossos Sr. e Sra. Alguns tradutores, com o amén de quem manda, optam pelo impensável: «senhorita»! Desde quando é que se usa esta palavra em Portugal, podem dizer-me? Usa-se tanto, na verdade, como Mr. e Mrs., que vemos em demasiadas traduções. Falta de hábito de pensar, é o que revela. Mas Mna. deixou-me a pensar um tudo-nada, confesso, e tão simplesmente porque foi a primeiríssima vez que a vi. É verdade. Lá está, abreviaturas, só as consagradas. Mas acho bem, sim senhor, Mna. ou M.na, só precisava era de se usar mais — para se estranhar menos.

 

[Texto 8847]

3 comentários

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    Helder Guégués 04.03.2018 15:28

    É «menina», Paulo. Cá, para a mulher solteira, mesmo que tenha 99 anos, embora não em todas as circunstâncias, usamos o termo «menina».

    «É uma linda palavra esta palavra menina. É a ternura feita melodia sem quebra de respeito. [...]. Não há mademoiselle, nem miss, nem Fräulein, que lhe cheguem aos calcanhares divinos. Custa-nos a crer que Henriqueta, professora primária, mas, ainda solteira, modifique o seu lindo rosto em horrível careta quando lhe chamam menina. Parece ignorar que menina, em língua portuguesa, é tratamento que distingue mulher solteira de mulher casada ou viúva» (Enfermaria do Idioma, João de Araújo Correia. Régua: Imprensa do Douro Editora, 1971, p. 181).

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    Paulo Araujo 04.03.2018 21:15

    Obrigado, Helder. A abreviatura, que não conhecia, me confundiu. Com essa acepção, também aqui se usa chamar de menina, mas em ambiente familiar ou informal, entre colegas de trabalho, casadas ou solteiras, jovens ou adultas. Para quem é assim tratada, equivale a uma massagem no ego. Formalmente,  Sra. ou Srta.
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