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Linguagista

Léxico: «autolimitado»

Talvez prefiram self-limited

 

      «Ao contrário da hepatite B e da hepatite C, “que podem evoluir para a cronicidade[,] a hepatite A é uma doença autolimitada, curável e benigna”, explica Isabel Aldir [directora do programa nacional para as hepatites virais da Direcção-Geral da Saúde]» («Surto de hepatite A em Lisboa e na Europa», Lusa/TSF, 29.03.2017, 00h18).

   Por acaso, surpreendeu-me, sim: não está no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, que regista, por exemplo, auto-imune, para referir uma da mesma área de conhecimento. A ciência começa nas palavras.

 

[Texto 7643]

4 comentários

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    Anónimo 30.03.2017 13:48

    Caro Paulo,


    É, sim, obrigatória, mas só obriga mesmo os servidores públicos, na redação dos documentos oficiais, e os professores, que o tem de observar quando ensinam. Os demais não serão, obviamente, punidos por escreverem como lhes aprouver.


    Se bem que há juristas, como o Ivo Miguel Barroso, que dizem não ser obrigatório o AO porque não teria entrado em vigor. Esquecem-se, no entanto, de que os órgãos jurisdicionais competentes para se pronunciarem sobre a vigência do acordo ainda não o fizeram, de modo que, até que o façam, presume-se que esteja em vigor.


    Bem, ao menos é assim no Brasil: presume-se a constitucionalidade e a legalidade dos atos administrativos, enquanto não forem declarados inconstitucionais e ou ilegais pelos órgãos jurisdicionais competentes.


    Aqui no Brasil, se um servidor público se recusasse a aplicar o AO ao argumento de que não entrou em vigor, baseado na sua própria interpretação, poderia ser punido, disciplinarmente, salvo melhor juízo. Em Portugal, não sei se assim também seria.
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    Paulo Araujo 30.03.2017 14:30

    Grato pela explicação. Não pensei em punição, mas apenas em considerar que, igualmente a todos os acordos anteriores, desde 1911, após a aprovação e entrada oficial em vigor, todos passam a usá-lo, digamos, até por hábito, não por medo da lei. É apenas uma questão de homogeneização, gostemos ou não, para nos fazermos entender por uma só regra. Imaginemos um código de trânsito em que cada motorista pensasse aplicá-lo ao seu bom gosto!
    No caso presente desta postagem, estava me referindo (não fui claro com a minha pergunta) ao termo auto-imune que, pelo AO90, perdeu o hífen.
    Ao que me consta, pelo menos no Brasil, não há mais o que discutir sobre o assunto, gostemos ou não de um hífen a mais ou a menos, de um 'c' ou um 'p', ora sonoro, ora mudo, que se mantém algumas palavras, mas em outras não.
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    Anónimo 30.03.2017 16:12

    Caro Paulo, 
    Se alguns resolvessem escrever conforme a ortografia anterior a 1911, outros conforme o AO 1945, e outros, ainda, conforme o AO 1990, entender-se-iam todos, mas absolutamente todos, que soubessem ler e escrever razoavelmente bem. Só não se entenderiam aqueles que já não o fazem bem, independentemente da norma que sigam. Já, se cada motorista seguisse o seu próprio senso, o resultado seria bem mais desastroso. Não comparemos alhos com bugalhos. 
    Falei de punição justamente porque a obrigatoriedade sem sanção não obriga ninguém a nada. É justamente por isso que só estão obrigados os servidores públicos e os professores, que podem sofrer sanções disciplinares se não seguirem o AO vigente. Os demais só estão obrigados ao que lhes dita a consciência. 
    Não falo pelo Helder, obviamente, mas sei que grafou auto-imune conscientemente, por opção, como escreve e continuará a escrever actor, actriz, recepção, ainda que não pronuncie (pronuncia-os, Helder?) os cês e o pê nestas palavras. E há muita gente boa, em Portugal, que promete não adotar o AO. Há de vir algum mal ao mundo por isso? Não me parece. Como não há tampouco de vir mal algum ao mundo pela adoção do AO, por muito que o próprio Helder e o Montexto teimem em dizer o contrário. 
    "Ele morrerá e eu morrerei. Ele deixará a tabuleta, e eu deixarei versos. A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também. Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta, E a língua em que foram escritos os versos.". Do Poeta (maiúscula justificada) a quem muito doeu a Reforma de 1911, depois da que veio ainda a de 1945, pela qual muitos se batem hoje, em defesa do "patrimônio da língua portuguesa".
    E eu, que sempre pensei que isto de pelear contra moinhos de vento fosse lá com os espanhóis...
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