Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

«Repinte»?

Tem pinta de estrangeiro

 

   «O estado da pintura [Saul e David], sujeita a cortes e repintes, a inconsistência estilística que nela reconheciam alguns especialistas e a grande qualidade dos discípulos do mestre do século de ouro holandês colocavam muitas questões: porque é que a autoria levanta dúvidas? Seriam estes os seus tamanho e formato originais?» («Restauro mostra que o velho rei Saul sempre limpou as lágrimas à cortina», Lucinda Canelas, Público, 15.06.2015, p. 26).

    Repinte parece e é castelhano. Ainda pensei que proviesse do artigo do jornal El País que a jornalista cita, mas neste só se usa o particípio repintado. Certo é que é comum ler-se neste e noutros jornais do país vizinho, quando se trata de restauro de pinturas, repinte, que é a segunda pintura que se faz numa parte de um quadro para a restaurar ou refrescar. Para o acto ou efeito de pintar, nós só temos repintura.

 

[Texto 5976] 

Colchetes e touros

Cada vez mais pobres

 

 

      «João Moura, 54 anos, estava a montar um cavalo novo no tentadero [pequena arena] da sua Quinta de Santo António, perto de Monforte, quando o animal escorregou e lhe caiu em cima. Foi por volta das 19.00 de ontem. O acidente deixou o cavaleiro inconsciente durante largos minutos. Assistido no local durante cerca de uma hora pela Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER), foi levado para o Hospital de Portalegre em estado considerado grave» («Acidente com cavalo fere João Moura», Luís Godinho, Diário de Notícias, 23.05.2014, p. 19).

    Já aqui tinha falado deste castelhanismo. Dantes, eram vários os dicionários que registavam «tentadeiro». Outra que se eclipsou na viragem e na voragem do tempo. (E os colchetes, caro Luís Godinho, para que servem aqui? E «viatura médica de emergência e reanimação» em maiúsculas?) Claro que para se escrever como deve ser não são necessários dicionários, basta que quem escreve reflicta um pouco.

 

[Texto 4610]