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Linguagista

Adjectivos compostos

Tudo em três linhas

 

 

      «Aloirada, magra, de pele muito branca e olhos castanhos claros, a francesa judia acabaria por casar com Carlos [Moedas, secretário de Estado adjunto], em 2000, também na cidade das luzes, debaixo de um chupah (toldo), como manda a tradição judaica (dela)» («O caldeirão Moedas», Sónia Sapage, Visão, 1.09.2011, p. 40).

      É a segunda vez, nos últimos 15 dias, que vejo a palavra hebraica chupah (ou chuppah, como é mais habitual ver). Mas o prosónimo de Paris merece iniciais maiúsculas, cara Sónia Sapage: Cidade das Luzes. Por último, e mais importante, aqueles olhos «castanhos claros». Há a ideia – que só ocorre a quem ainda não leu o texto do Acordo Ortográfico de 1990 – de que as novas regras ortográficas acabaram (!) com o hífen. O n.º 1 da Base XV do AOLP90 determina explicitamente que se emprega o hífen «nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido». Um dos exmplos é «azul-escuro». Por outro lado, trata-se de um adjectivo. O singular é castanho-claro, disso não há dúvida. E o plural? Para alguns, entre os quais me conto, se for substantivo é castanhos-claros; se for adjectivo, é castanho-claros. Na imprensa, não é habitual – sim, a pressão, a pressa explicam muita desatenção, mas não numa revista semanal – tantas subtilezas.

 

[Texto 453] 

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