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Linguagista

«Extra», «recorde», «ultravioleta»

A (quase) anómala invariância

 

 

      Primeiro: toda a língua portuguesa tende para a concordância. Segundo: excepções são casos anómalos que não deverão servir de paradigma. Terceiro: os adjectivos «extra», «recorde» e «ultravioleta» não são usados da mesma forma pelos falantes. Quarto: quando verifico que há hesitações, propendo sempre para a defesa dos princípios gerais da língua. Quinto: assim, defendo inequivocamente que «extra» e «ultravioleta» pluralizam em «extras» e «ultravioletas». «Recorde» é visto pela quase generalidade dos falantes como sendo invariável. «Dívidas recorde? Mas a que classe gramatical pertence “recorde”? Hum... talvez à dos advérbios...», tripudiava o leitor Montexto no Assim Mesmo. Bem, por muito que nos repugne, há adjectivos invariáveis quanto ao género e quanto ao número. Só não estranhamos se o próprio singular termina em s, como pires (que revela mau gosto; ridículo; vulgar; pretensioso). O que revela incompreensão da língua é grafá-lo como se fosse um determinante específico, o que de vez em quando no Público têm a infeliz ideia de fazer: «No final de 2009, mais de 563 mil pessoas estavam sem trabalho. Mas este número-recorde, que elevou para 10,1 por cento a taxa de desemprego, depressa foi ultrapassado» («Taxas-recorde de desemprego marcaram esta legislatura do PS», Raquel Martins, Público, 22.04.2011, p. 12).

 

[Texto 60]

5 comentários

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    Montexto 10.12.2011 16:12

    E muitíssimo bem.  
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    Helder Guégués 10.12.2011 16:13

    Como eu defendo há anos.
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    Montexto 10.12.2011 16:27

    Como exactamente deve acontecer com «recorde», que deve pluralizar-se como substantivo e tb como adjectivo, pois nada na palavra repugna a essa pluralização, que é de regra em português, e, como qualquer outro estrangeirismo, deve conformar-se a índole portuguesa, quando ainda por cima neste caso tal adaptação se apresenta tão fácil. Não conheço em português uma palavra terminada em «de», que seja ao mesmo tempo substantivo e adjectivo, e que não se pluralize em ambos os casos, que só se pluralize como substantivo, e não como adjectivo. Se se diz «recorde» e «recordes», substantivos, não há nenhuma razão atendível para que se não diga «recorde» e «recordes», adjectivos.  
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    Helder Guégués 10.12.2011 16:35

    Há-de ter razão, Montexto. É esse, afinal, o meu sentir em relação à natureza da língua portuguesa: que tende naturalmente para a pluralização, como temos visto noutros casos.
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