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Linguagista

Tradução

Mito ou verdade?

 

 

      «Milhares de pessoas em traje de gala enchem cada um dos muitos clubes de Atenas. Os parques de estacionamento estão repletos de Porches [sic] e dentro dos recintos há empresários, financeiros, políticos. No fundo, segundo um taxista que espera à porta de um destes clubes, a actividade de todos eles é a mesma: lamoya. A palavra é intraduzível. Significa algo entre a economia paralela, negócios ilegais, criminalidade pura e uma atitude de promíscuo e arrogante desprezo perante os poderes públicos» («“O Governo grego dá grandes golpadas, nós damos pequenas”», Paulo Moura, Público, 13.11.2011, p. 14).

     Intraduzível, Paulo Moura? Veja lá, o nosso léxico não é assim tão pobre. Os anglo-saxónicos parece que não têm dúvidas em traduzir lamogio (λαμογιο) por «vigarista». E acresce que λαμόγια, ao que parece, tem origem no espanhol. Não ajudará a fazer luz?

 

 

[Texto 678] 

7 comentários

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    Montexto 15.11.2011 13:18

    O meu caro ficará como quiser. Eu fico como sempre fiquei: o português escorreito não sofre combinações entre o pronome «se» e o pronome «o» e suas flexões (como me dei à pachorra de explicar e demonstrar - porque julgei candidamente que falava com pessoas capazes de reconhecer um erro e emendar a mão, mas não caio noutra - neste blogue, em 27.VII.2011, nos comentários a «Acordo Ortográfico. Caos das chamadas facultatividades» - que, já agora, tb se devia chamar «caos do uso dos pronomes»), ainda que se lhes entressache (belo verbo!) o pronome «lhe».
    Saudações.


          
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    Venâncio 16.11.2011 08:29


    Montexto, eu sei exactamente o que você escreveu, e é de supor que, com isso, tenha convencido a outros. Não foi o caso comigo. E, quanto ouso lembrar, também não o foi com o nosso amigo Helder.
    O português distingue-se (do espanhol e, muito particularmente, do francês) pela flexibilidade sintáctica, um bem que temos a agradecer aos seus (do Montexto) clássicos e seus (deles) canonizadores.
    Até onde o português pode ir em elasticidade sintáctica, mostrei-o certa vez (lá por 1985) num artigo no JL, algo pomposamente chamado (era fruta do tempo) «Do computador à gramática», onde mostrava as cerca de 40 versões (não recordo o número exacto) de uma frase como «Ele tem muito dinheiro no banco», todas gramaticais. O francês não chegaria às dez.
    Tem sentido explorar, manter e aumentar essa invejável flexibilidade, e decerto não pôr-lhe entraves académicos.
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    Montexto 16.11.2011 13:36

    Nada disso, caro Venâncio. Tais combinações não são portuguesas.
    Só tem de me mostrar exemplos reiterados dos escritores que contam: Camões, Barros, H. Pinto, Sousa, Vieira, Melo, Manuel da Costa se for o autor da Arte de Furtar, M. Bernardes, Garrett, Castilho, Herculano, Camilo, Machado de Assis, graciliano, J. Araújo Correia, e outros da mesma altura, mas não menos.
    Quanto a Helder Guégués, ele falará por si, nem cuido que precide de procurador.       
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    Montexto 16.11.2011 14:33

    «G» e «s».
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    Venâncio 16.11.2011 15:51


    «Autores que contam», Montexto? Mas em que realidade, em que século, em que planeta, vive você? A sua concepção do idioma é nitidamente essencialista, a-histórica, mu-mi-fi-ca-da com todas as letras. Ainda há disto entre nós, Santo Deus!
    Deve dar-lhe, sim, um gozo colossal. E uma tranquilidade do camano. O essencialismo é deveras aconchegante contra o mundo exterior que faz, no escuro, buh! buh!
    Isto digo e assino eu, f.v., que tenho, na praça, fama de purista intratável. Imagine onde você andará.
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    Montexto 16.11.2011 16:19

    Aqui não há puristas, nem essencialistas, nem existencialistas, nem múmias, nem Santo Deus, nem o Diabo. Nem sequer opiniões - minhas ou suas.
    Aqui há só uma questão: saber se a combinação do pronome «se» e «o» e suas flexões é portuguesa lídima e correcta, autorizada pelos documentos da língua. Mais nada.
    E esta questão dirime-se com argumentos, que são, primeiro que tudo, a prática dos escritores reconhecidamente tidos e havidos por paradigmáticos do idioma, e a seguir o entendimento científico a que chegaram os mais reputados filólogos, gramáticos e estudiosos desse idioma.
    Palpites, desabafos, interjeições carecem de voto na matéria, não passam de conversa fiada, e desclassificam quem se sirva deles.           
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