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Linguagista

Linguagem

«Declaro-vos marido e... marido e...»

 

 

      O manequim Luís Borges venceu um Globo de Ouro. No discurso, lê-se no Diário de Notícias, dedicou «o prémio ao marido, o hairstylist Eduardo Beauté» («‘Glamour’ e polémica marcam gala», Carla Bernardino e Raquel Costa, Diário de Notícias, 31.05.2011, p. 57). E Eduardo Beauté terá gostado da dedicatória da «mulher»? Ou será também «marido»? Isto foi congeminado pelos jornalistas ou os casais do mesmo sexo referem-se aos cônjuges desta forma? (Senhores revisores da D. Quixote: «cônjuge» é do género masculino!)

 

[Texto 83]

Léxico: «tribeira»

De fachada

 

 

      «Para ser considerado rico e digno de respeito na São Luís dos séculos 18 e 19, você precisava morar em uma casa com seis janelas na fachada. Tal característica arquitetônica era mais importante até que o dinheiro. Tanto que quem perdia tudo, se conseguisse manter o casarão (chamado de morada e meia), preservava seu status de nobre.

    Curiosidades como essa tornam saborosa uma visita ao centro histórico da capital maranhense. Entre os mais de 5 mil imóveis coloniais, nem todos preservados, há ainda exemplares com quatro janelas na fachada (moradia inteira), três janelas (terço de morada), duas (meia morada) e as mais simplesinhas, chamadas de porta e janela.

      Até ditados populares surgiram dessa classificação. “Viver de fachada”, por exemplo. Ou dizer que alguém está “sem eira nem beira”: as melhores casas da São Luís colonial tinham três linhas de telhas de barro sobrepostas, chamadas eira, beira e tribeira. Quanto mais pobre a casa, menor o número de telhas» («Status social estampado na fachada», Leandro Costa, Estadão, 31.05.2011, p. V10).

      O Dicionário Houaiss não regista o termo «tribeira», que nunca ouvi, e há-de ser brasileirismo. Em relação à expressão «sem eira nem beira», lê-se na obra A Sabedoria dos Ditados Populares, de J. J. Costa (São Paulo: Butterfly Editora, 2009, p. 9): «Essa frase faz referência a pessoas sem bens, sem posses. Dizem que antigamente as casas das pessoas ricas tinham um telhado triplo: a eira, a beira e a tribeira (como era chamada a parte mais alta). As pessoas mais pobres não tinham condições de fazer o telhado triplo e construíam somente a tribeira, ficando, assim, “sem eira nem beira”.»

 

 

[Texto 82]

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