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Linguagista

Léxico: «fijiano»

Esta ultrapassa tudo

 

 

     «Falhada a qualificação, o fijiano, vencedor de três Majors, precisa de um convite especial dos organizadores, como no ano passado» («Tiger Woods falha o US Open pela primeira vez», Público, 8.06.2011, p. 34).

      O Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, nada, nem «fijiano» nem «fidjiano». Quanto ao Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, o caso é mais grave. Vejam: «fidjiano adjectivo 1. do Fiji, arquipélago ao norte da Nova Zelândia 2. relativo ao Fiji ou aos seus habitantes». Será que ninguém na editora repara nisto?

 

[Texto 126]

Infinitivo: pessoal ou impessoal?

Até para o ano, Miguel

 

 

      «Ainda ontem acordámos às oito da manhã. Mas, às sete da tarde, apesar de termos passado o dia juntos, pareceu-nos que nos tinham roubado o dia inteiro; que tínhamos acabado de nos conhecermos» («O preço da pressa», Miguel Esteves Cardoso, Público, 8.06.2011, p. 39).

      Todos os anos por esta altura, mais dia, menos dia, Miguel Esteves Cardoso dá o mesmo erro: usar o infinitivo pessoal nas formas perifrásticas. Mais dia, menos dia: «Apesar de fazer parte da colecção Portugal Turístico (o logótipo é um trevo de quatro folhas), o postal foi Made in Italy. É pois aos italianos que assacamos o ultraje. Não é assim tão mau: acabamos por nos habituarmos a morar em Necklaces» («Feito à mão», Miguel Esteves Cardoso, Público, 6.06.2010, p. 33).

      Por volta da segunda semana de Junho de 2012 falamos, Miguel.

 

 

[Texto 125]

«Pejorar»

Nem eu, nem eu

 

 

      «Porque este adjectivo provém do verbo “pejorar”, que significa... é um verbo que, ahn... não me lembro de ter usado, raramente usamos. Significa o quê? Significa depreciar, aviltar, tornar pior» (Jogo da Língua, Sandra Duarte Tavares. Antena 1, 7.06.2011).

      Muito raro — até mais raro, imagino, que o lince-ibérico. A coisa pejorou com a pronúncia do verbo «aviltar». Não se abre a primeira vogal, cara Dr.ª Sandra Duarte Tavares, como se alguém nos estivesse a espetar um punhal nas costas. É mais suave.


[Texto 124]

«Colocar»

Sobretudo em camadas populares

 

 

      No último Cuidado com a Língua!, a propósito de a colareja dizer «vistes» e «ouvistes», ouvimos: «É um erro muito comum, sobretudo em camadas populares, colocar no plural a segunda pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo.»

      José Mário Costa, que ali mais abaixo dá uma lição ao Público, está aqui a promover inconscientemente o verbo «colocar», ultimamente muito em voga. O autor de Cuidado com a Língua! devia ter mais cuidado. Maus exemplos em horário nobre é do que menos precisamos. Quanto ao erro no uso das formas verbais se observar «sobretudo em camadas populares», será verdade, mas já o ouvi da boca de professores e de jornalistas, por exemplo. Se não é o fim do mundo, parece.

 

[Texto 123]

 

«Um dos que»

Talvez inédito

 

 

      «Na crónica do P2 de ontem, onde se lê “uma das inteligências que empunha, feliz, o facho do Acordo Ortográfico”, devia ler-se “(...) empunham, felizes (...)”. As minhas desculpas pelo erro. N.P.» («O Público errou», Público, 8.06.2011, p. 38).

      No que diz respeito à correcção linguística, creio que é a primeira vez que leio algo na secção «O Público errou». Trata-se de um dos erros mais comuns dos últimos tempos, este de, com a expressão «um dos que», levar o verbo para o singular.

      «Em expressões como: um dos que mais trabalharam, é erro concordar o predicado da oração relativa com a palavra um e dizer: um dos que mais trabalhou. Este erro commetteu Fr. Luis de Sousa, quando disse: Esta cidade foy hũa das que mais se corrompeo da heregia (V. do Ar., 1, 191)» (Sintaxe Histórica Portuguesa, Augusto Epifânio da Silva Dias. Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1918, pp. 25-26).

 

 

[Texto 122]

Dupla grafia

Já agora: estatísticas

 

 

      Disse mais José Mário Costa: «Segundo: das consoantes das palavras descritas no editorial [ver aqui], deixam de ser escritas só as que são, de facto, mudas. Não é o caso, por exemplo, de “sector” — que é, precisamente, uma das ocorrências de dupla grafia, dada a respectiva variação fonética na norma culta em Portugal, com e sem o som [k]. Basta compulsar a respectiva transcrição fonética nos nossos principais dicionários, o da Academia das Ciências e o da Porto Editora, ou em qualquer obra mais especializada do género. (Já agora: ao todo, as palavras que têm a dupla grafia em Portugal não chegam a 200, num universo de mais de 200 mil constantes do Vocabulário Ortográfico do Português, disponível no Portal da Língua Portuguesa, do ILTEC). Do mesmo modo, as consoantes que se pronunciam — como a do tão badalado “facto” — continuam a escrever-se» («Inverdades e deturpações tolas», Público, 7.06.2011, p. 38).

 

 

[Texto 121]