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Linguagista

Ortografia: «alauita»

O alauita da baiuca

 

 

      «Como disse à CNN Joshua Landis, autor do blogue Syria Comment e director do Center for Middle East Studies da Universidade de Oklahoma, (EUA), na Síria “há armas e os líderes da oposição vão começar a recorrer a elas”, acendendo “uma guerra civil entre seitas — a guerra da maioria sunita contra a minoria alauíta”» («Conselho de Segurança da ONU começou a discutir uma resolução contra a Síria», Ana Gomes Ferreira, Público, 9.06.2011, p. 12).

      O Acordo Ortográfico de 1945 veio dispensar o acento agudo nas vogais tónicas i e u de palavras paroxítonas, quando elas são precedidas de ditongo; nos ditongos tónicos iu e ui, quando precedidos de vogal; e na vogal tónica u, quando, numa palavra paroxítona, está precedida de i e seguida de s e outra consoante. Nada muda, quanto a este aspecto, com o Acordo Ortográfico de 1990. Estar, inexplicavelmente, ausente dos dicionários gerais da língua explicará, decerto, que haja mais ocorrências deste erro.

 

 

[Texto 132]

«Sobre/sob»

Do lado contrário

 

 

      «E uma das formas de perpetuar as pequenas e grandes histórias surge quase sempre sobre o manto de uma lenda» (Histórias Assim Mesmo, Mafalda Lopes da Costa. Antena 1, 7.06.2011).

      Mais um erro lamentável e, para agravar, desses em que só os mais descuidados incorrem. Na rádio não se usará, mas Mafalda Lopes da Costa precisa de dar a ler a alguém — o ideal seria um revisor — os textos que escreve. Revelaria, porque decerto já por aqui passou e está ciente dos erros que dá, inteligência e respeito pelo ouvinte.

      «Duvide-se emb’ora da conveniência de facultar assim, a anónymos, a calúmnia, sob o manto da irresponsabilidade; de incutir no ânimo dos povos que o rei constitucional não depositasse plena fé na lealdade de ministros a quem taes investigações competiam: de lançar na mente régia indevidos germes de suspeitas» (Tributo á Memória de Sua Majestade Fidelissima o Senhor Dom Pedro Quinto, o Muito Amado, António e José Feliciano de Castilho. Rio de Janeiro: Eduardo & Henrique Laemmert, 1862, p. 47).

 

[Texto 131]

Sobre «compromisso»

A memória e os dicionários

 

 

      «Ora, nas praças italianas, quando os banqueiros ou comerciantes falhavam o pagamento por falta de dinheiro e entravam em falência, eram os próprios colegas, também eles banqueiros ou comerciantes, que se encarregavam de literalmente lhes destruir, partir as bancas como forma de humilhar quem não prestava os compromissos financeiros assumidos» (Lugares Comuns, Mafalda Lopes da Costa. Antena 1, 9.06.2011).

      Também se prestam e saldam, se os compromissos forem dívidas contraídas, mas, no contexto, o verbo a usar é cumprir: cumprir os compromissos. Uma jornalista tem obrigação de acertar em aspectos assim tão comezinhos da língua.

      «Processada na Itália por motivos relacionados com o imposto de renda, Sofia embarcou para Roma a fim de cumprir o compromisso assumido com Lina, passou um ou dois dias no xilindró até que o juiz a mandasse em paz» (Navegação de Cabotagem, Jorge Amado. Rio de Janeiro: Editora Record, 1992, p. 99).

 

 

[Texto 130]