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Linguagista

«Educação/instrução»

Já vimos isto

 

 

      «Mas o caso mais substantivo é a “Educação e Ensino Superior”. O poder das palavras deve ser aqui bem medido. Eu, enquanto pai, agradeço penhorado, mas não preciso de nenhum ministro da Educação. Menos ainda de um ministro da Educação e do Ensino Superior (a natureza judicativa inscrita no nome da pasta não diz muito bem do restante ensino). Preciso, isso sim, de um ministro do Ensino. É que a educação deve ser dada em casa. Na escola, eu espero que instruam, que ensinem — a ler, a contar, a escrever, e depois coisas bem mais sérias, como Geografia, História ou Biologia. A existência de um Ministério da Educação demite os próprios pais do seu maior dever» («O poder da palavra», Jorge Reis-Sá, Público, 15.06.2011, p. 37).

      Já tenho escrito sobre a diferença entre «educação» e «instrução», como decerto se lembram. Mas Jorge Reis-Sá decerto não queria que o ministério se viesse a chamar Ministério dos Negócios da Instrução Pública, como no século XIX. Não, vamos mesmo ter um Ministério da Educação, do Ensino Superior e da Ciência, que terá à frente o professor catedrático de Matemática e de Estatística Nuno Crato.

 

[Texto 172]

«Ao deus-dará»

Não irá esquecer-se

 

 

      «O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) considerou ontem, em Fátima, que a lei que despenaliza a interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas tem sido administrada ao “Deus dará”» («Lei do aborto ao “Deus dará”, critica Igreja», Metro, 16.06.2011, p. 5).

      Até parece que D. José Policarpo invocou em vão o santo nome de Deus — mas não, a culpa é da revisora, Catarina Poderoso, que não sabe que se escreve «ao deus-dará». Agora já não vai esquecer-se.

      «A lei que despenaliza a interrupção da gravidez volta a ser alvo de críticas da Igreja Católica. “A lei não tem sido cumprida, tem sido facilitada, tem sido administrada um bocado ao deus-dará”, defendeu o cardeal-patriarca de Lisboa no final da Conferência Episcopal de três dias em Fátima» («Lei  do aborto é aplicada “ao deus-dará”», Paula Carmo, Diário de Notícias, 15.06.2011, p. 17).

 

[Texto 171]