Tradução: «river police»
Façam-lhe a barba
Agora é que toda a gente fala inglês como se nunca tivesse falado outra língua. A primeira viagem de Jorge V como rei foi à Holanda, onde, ao desembarcar, um enorme coro de centenas de lindas crianças entoaram, entusiasmadas, o hino da Grã-Bretanha: «God shave de King». Jorge V fartou-se de rir. Bem, mas não era disto que eu queria falar, mas da tradução desta frase: «There may be river police around.» Literalmente, não há qualquer dúvida. A questão é que, entre nós, apenas se fala de «polícia fluvial» como função, como serviço, não como nome de corpo policial. Já tivemos os guarda-rios (não as avezinhas, mas os funcionários encarregados de vigiar os rios para fazerem acatar todas as disposições legais respeitantes aos cursos de água), mas agora que temos? Qual é a entidade que desempenha esta função? Talvez Montexto, que é caçador, e um caçador conhece sempre bem os cursos de água da zona por onde anda e tudo quanto se relaciona com estes, nos saiba dizer alguma coisa.
A nossa literatura está cheia de guarda-rios: «Mas, ia-se escondendo, e metia a arma em buracos, porque temia a patrulha e até os guarda-rios, embora se risse deles ou do seu aparato» (Rio Morto, João de Araújo Correia. Régua: Imprensa do Douro Editora, 1973, p. 83).
[Texto 207]