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Linguagista

Tradução: «tilt-a-whirl»

 

 

 
Maluca é, de certeza

 

 

      «The big round cars for the Tilt-a-Whirl…» «As cabines enormes e redondas do Tilt-a-Whirl…» Hã? Este divertimento de feira não tem nome em português? Estou mesmo a ouvir um miudito alentejano a dizer à mãe que quer andar no tilt-a-whirl... No ProZ, sugerem xícara maluca (já ouviu, caro Paulo Araujo?) ou, para Portugal, cadeira maluca.

 

[Texto 375]

Léxico: «rami»

Afinal, não é chinês

 

 

      A minha mulher veio agora mostrar-me uma camisola muito bonita. Pôs-se a ler a etiqueta, o que nela é quase um ritual. Deixo-me sempre rir. «Tem ramie, diz aqui. O que é?» Pois, também não sei. Cá está: é uma fibra natural. «A mais longa, resistente e sedosa das fibras vegetais», lê-se no Dicionário Houaiss. Claro, a etiqueta não está em português. Em português escreve-se «rami» (Boehmeria nivea), o arbusto, a fibra e, por metonímia, o tecido fabricado com essa fibra. A etimologia, segundo aquele dicionário, é malgaxe. Corre mundo, como seria de prever, a forma anglicizada ramie.

 

[Texto 374]

Dicionários

Dicionários...

 

 

      Há dias perguntaram-me se o vocábulo «porcalhice» era regionalismo. Não compreendo porque não está dicionarizado. Vejam, por exemplo, os vocábulos relacionados com «pátria» e «patriota». Num breve périplo pela obra de Eça de Queirós, Rui Barbosa ou Fialho de Almeida, podemos encontrar os derivados «patriotaça», «patriotada», «patriotador», «patriotagem», «patriotarreca», «patriotasno», «patrioteiramente», «patrioteiro», «patriotice», «patriotinheiro», «patriotista»... Quantos destes podemos ver acolhidos nos principais dicionários? E os que não estão deviam estar?

 

[Texto 373] 

«Empregue/empregado»

O horror! O horror!

 

 

      «O meu amigo Pedro Ayres vinha a Colares e sugeriu que nos encontrássemos no Café da Várzea, para nos cumprimentarmos. Há décadas que não ouvia este verbo — cumprimentar — bem empregue. Mas foi o que fizemos. Bebemos e comemos cafés e queijadas; falámos disto e daquilo — enfim, cumprimentámo-nos bem cumprimentados» («A chuva dos patos», Miguel Esteves Cardoso, Público, 3.08.2011, p. 31).

      É, no mínimo, estranho, parece-me, dizer-se «bebemos e comemos cafés e queijadas». E no máximo, pergunta o leitor? Errado. Quanto ao «empregue», já estou a ouvir Montexto exclamar, escamado: «O horror! O horror!» E podia ou não fazer o favor de nos dizer que citava Kurtz. Remataria: «Grassam grossas e grosseiras as formas “foi empregue, foi encarregue”.» 

      

[Texto 372]