Regência: «precisar»
Apesar de Camilo e de Bocage
A autora quis que a frase ficasse sem a preposição, porque, alegava, com preposição era, tinha aprendido, errado se se lhe seguia um verbo no infinitivo, mas já não quando seguido de substantivo ou pronome. «E então, *** despediu-se com o pretexto de que precisava urgentemente beber água.» O Dicionário Houaiss resume bem, creio, a questão: «Na actual norma portuguesa da língua, este verbo, quando na acep. de ‘ter necessidade de’, pede objecto indirecto; há, porém, bom número de abonações de autores portugueses clássicos, como Camilo e Bocage, que o empregaram com transitividade directa; na verdade, na língua, a regência deste verbo oscila entre uma coisa e outra, com peso maior para o objecto indirecto, tanto no Brasil como em Portugal, excepto quando a ele se segue outro verbo no infinitivo, caso em que, em Portugal, se usa sempre seguido de preposição (preciso de fazer, precisava de sair, precisou de se explicar), enquanto, no Brasil, tal emprego tem vindo a rarear (preciso fazer, precisava sair, precisou explicar-se).»
[Texto 388]