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Linguagista

Preposição «de»

Para não ofender

 

 

      «Os outros filmes partem do princípio – ou procuram enganar-nos nesse sentido – que existe a possibilidade de salvação. Estes não. Nestes, toda a gente morre e, se ficam testemunhas, é só para testemunhar que toda a gente pode morrer outra vez. Ninguém se livra, mas quem tiver olho e medo talvez consiga evitar, durante mais um tempinho que seja, o funesto destino que o espera, com impaciência» («O destino, entretanto», Miguel Esteves Cardoso, Público, 19.08.2011, p. 33).

      Pode, decerto, já o vimos noutras construções, omitir-se a preposição, mas eu prefiro usá-la.

      «Ele partiu do princípio de que o Rogério é um criminoso. Eu... eu partiria do princípio de que é um homem de bem. Nunca poderíamos proceder da mesma forma» (Teatro Completo, Joaquim Paço d’Arcos. Lisboa: INCM, 2003, p. 328).

 

[Texto 411]

Concordância

[Sem título]

 

 

     «Num daqueles filmes de merda que, tal como o cagar, são necessidades, sem as quais não se está bem (o Final Destination 5), um professor ignóbil pergunta retoricamente a um dos relutantes discípulos: “Qual é a coisa que jamais se consegue reciclar?” A resposta, claro, é o “tempo desperdiçado”. Só vi os primeiros dez minutos – não desperdicei a hora e tal que faltavam – mas foi o suficiente para absorver a mensagem» («O destino, entretanto», Miguel Esteves Cardoso, Público, 19.08.2011, p. 33).

      Uma e tal não são dois. Isto precisa de um psiquiatra: «Agora já só um mês e tal nos separa, meu amor. Esperemos que irá passar o mais depressa possível! Só Deus sabe a vontade que tenho de te ver e de te abraçar! A falta que tu, meu amor, me fazes, não há palavras que a possam exprimir!» (D’Este Viver aqui Neste Papel Descripto: cartas da guerra, António Lobo Antunes. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2005, p. 262).

 

[Texto 410]