Metafonia
O do bigode hipocrepiforme
Teresa Nicolau, repórter da RTP, foi a Cacilhas para falar da Casa da Cerca e de um candidato local a uma das 7 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa, as amêijoas à Bulhão Pato. Foi também entrevistar pessoas na rua. Pode ser este aqui. Sexagenário, de óculos de sol, boné com publicidade à Meo e bigode em ferradura. «Sabe quem é o Bulhão Pato?» «Bulhão quê?» «Bulhão Pato.» «Bulhão Pato. Bulhão Pato, isso é no Porto, pá. Não é no Porto?» (Ainda recentemente vi escrito, em determinada obra, «amêijoas à bolhão pato». Persignei-me.) A jornalista incomodou entrevistou ainda uma senhora num restaurante, que apreciava a receita «porque não tem muitos mólhos». No sentido de «molho de carne», não se dá a metafonia neste vocábulo, ou seja, na passagem para o plural não há mudança de timbre da vogal tónica. Não é como almoço/almoços, por exemplo, e cerca de, diz-se, outros seiscentos vocábulos na nossa língua.
[Texto 426]