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Linguagista

«Colocar o dedo na ferida»

Mais um

 

 

 

      O senhor professor António Jacinto Pascoal veio para ficar no Público. O texto de hoje já se percebe, mas há por ali muitos erros. O menor: também diz «colocar o dedo na ferida». «Um bom exemplo de como nem tudo é um mar de rosas prende-se com a retórica sobre o ensino do Português, manifestada recentemente nos órgãos de comunicação social. O doutor Carlos Reis contribuiu, igualmente, para uma certa polémica, ao assinar o artigo Sabe ele o seu português? (PÚBLICO, 12/08/2011). Chamou a atenção para a formação de professores de Português e colocou o dedo numa ferida – a relação entre essa formação e as entidades formadoras» («Sabe ele o seu lugar?», António Jacinto Pascoal, Público, 29.08.2011, p. 31).

 

 

[Texto 431] 

«Diante aquela»

Pôs-se de giolhos

 

 

      «Eis uma traição meritória: o Restaurante Duna Mar, pouco acima e a poucos metros da mais maravilhosa e bonita de todas as praias portuguesas (a do Magoito), é também o melhor café familiar de Sintra, com um bitoque barato e umas amêijoas divinas que, diante aquela paisagem, da primeira dinastia, são uma bondade que vai além do muito bom. O (demasiado) apetitoso site é aqui: http://restaurantedunamar.com» («O milagre do Magoito», Miguel Esteves Cardoso, Público, 29.08.2011, p. 31).

      Também da primeira dinastia será a construção «diante aquela» – «pôs-se de giolhos diante aquela imagem de seu pai». Mas, atenção, defensores e detractores, foi assim que já se escreveu, e este recorte clássico agrada-me.

 

 

 [Texto 430] 

Como se escreve nos jornais

Uma insolação

 

 

      «Há quatro praias interditas a banhos desde sexta-feira passada. A má qualidade da água, em que foram detectadas bactérias como a E-coli, obrigou as autoridades a proibir os banhos em cinco praias (ver mapa em baixo) durante o fim-de-semana, mas, entretanto, uma delas já foi considerada boa para a prática balnear» («Bactérias poluem águas de cinco praias», Ana Bela Ferreira, Diário de Notícias, 25.08.2011, p. 18).

      E assim três vezes: E-coli, E-coli, E-coli. Os jornalistas são pródigos nestes descuidos ou parvoíces. Então não se trata da abreviação de Escherichia coli? E agora é o hífen e não o ponto que indica a abreviação? O pior é que no mesmo dia o erro tem logo seguidores convictos.

 

[Texto 429] 

Léxico: «intradorso»

Mal explicado

 

 

      «Quem passa no Vale de Alcântara, em Lisboa, já se habituou aos arcos imponentes que sobre eles se erguem. Mas no seu intradorso – ou seja, na face interior e côncava dos arcos – acumulam-se as estalactites resultantes de cerca de 250 anos de bolsas de água» («Aqueduto em obras para que estalactites com quase um metro sejam removidas», Inês Banha, Diário de Notícias, 25.08.2011, p. 22).

      «Que sobre eles se erguem»? Quem são eles? E a definição de «intradorso» sofre de alguma redundância. O intradorso é a superfície interior de um arco, de uma abóbada ou arcada. A jornalista escreve ainda que são «formações de gelo» que pendem da parte interior dos arcos. Gelo?

 

[Texto 428]