Pronomes
Pronome dativo ou pronome acusativo?
«Aos 13 annos era ainda um aprendiz de alfaiate, repellido d’este para aquelle mestre, desacreditado em todos, e inutilmente espancado por todos. Chamavam-no incorrigivel, e elle mesmo conheceu que o era» (Cenas Contemporâneas, Camilo Castelo Branco. Porto: em casa de Cruz Coutinho, 2.ª ed., 1862, p. 150).
«Era um sensitivo e chamavam-lhe libertino. Um libertino amável, como o classificara um dos amigos. Sim, gostava de olhar uma mulher, contemplá-la de alto a baixo, demorando-se» (O Cavalo Espantado, Alves Redol. Lisboa: Publicações Europa-América, 1972, p. 25).
«A frase correcta é a frase B: “O nome dele é Diamantino, mas os amigos chamam-lhe Tino.” Ora bem, temos mais uma vez no nosso Jogo da Língua uma questão relativa à sintaxe da língua portuguesa. O que é que acontece? “Tino” tem a função sintáctica de predicativo do complemento directo. Façamos uma pequena, brevíssima análise sintáctica desta frase. “Os amigos” é o sujeito daquela segunda oração coordenada adversativa. “Os amigos” é o sujeito do verbo chamar. “Lhe” é o complemento indirecto. Portanto, chamam ao Diamantino, chamam ao Diamantino o quê? Chamam Tino ao Diamantino. Ao Diamantino, aquele “lhe” que está sob a forma de pronome dativo, é o complemento indirecto, e “Tino” tem a função de predicativo do complemento indirecto. Portanto, a frase correcta é a frase B» (Sandra Duarte Tavares, Jogo da Língua. Antena 1, 22.09.2011).
[Texto 505]