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Linguagista

Sobre «você»

Enfim...

 

 

      Hoje à tarde (sim, antes de ter comido o wrap), comprei um livrinho intitulado Discursar em Português... e não só, de Isabel Casanova (Lisboa: Plátano Editora, 2011), que é professora associada na Universidade Católica. A propósito das formas de tratamento, lê-se na página 82: «Como educadora e como mãe, a palavra VOCÊ não faz parte do meu vocabulário.» Fiquei subitamente com muita vontade de ler o livro todo. De cabo a rabo, para pegar na conversa ali ao lado com a Eugénia.

 

[Texto 726]

Léxico: «wrap»

Mais uma provação

 

 

      Hoje comi pela primeira vez — prepare-se, Montexto! — um wrap misto (algo semelhante a isto). Grande novidade. Só me causou espanto que o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora registasse o termo: «Alimento que consiste numa massa muito fina à base de farinha, que se enrola sobre si mesma, com vários tipos de recheio.» O termo é, pois claro, inglês, e significa «embrulho». O nome é-lhe então dado pela forma. Logo, porque não chamar-lhe embrulho? Trouxa? Mas «trouxa», ainda me vão lembrar, não nasceu em Portugal — vem do castelhano antigo troja.


 

[Texto 725]

Como se escreve nos jornais

Nem é preciso pensar

 

 

      «Por outro lado, o antigo deputado conservador Matthew Parris disse ao “Times” que Streep conseguira apanhar na perfeição “a natureza declamatória da forma de falar de Thatcher”, e uma série de figuras ligadas aos Tories manifestaram-se agradavelmente surpreendidas pelo modo equilibrado como o filme, escrito pela dramaturga Abi Morgan, vê uma das figuras mais divisivas da política inglesa do século XX. As conclusões podem começar a ser tiradas em fins de Dezembro, quando “The Iron Lady” tem a sua estreia mundial – entre nós, o filme deverá estrear a 9 de Fevereiro. Mesmo a tempo dos Óscares...» («O mundo da política divide-se sobre a Iron Lady de Meryl Streep», Ípsilon, 25.11.2011, p. 3).

      É o que se lê na imprensa inglesa — an incredibly divisive figure. Ora, os jornais portugueses têm de, patrioticamente, contribuir para o tal desígnio do bilinguismo.

 

[Texto 724] 

«Relógio astronómico»

O de Praga é famoso

 

 

      «Já a EDP Distribuição refere que este tipo de medidas “tem sido seguido por vários municípios do país ao abrigo de uma política de eficiência energética” e que, no caso de Alenquer, a questão tem sido discutida em reuniões com o executivo camarário. De acordo com a empresa, estão em curso duas medidas solicitadas pela autarquia. Uma prende-se com a regulação, através de “relógios astronómicos”, do período em que as lâmpadas estão acesas; outra com o corte da iluminação em loteamentos sem casas construídas» («Câmara de Alenquer ameaça retirar lâmpadas dispensáveis se a EDP não o fizer», Jorge Talixa, Público, 25.11.2011, p. 33).

      Relógios astronómicos para regular o tempo que a iluminação pública está ligada? As aspas desresponsabilizadoras querem dizer que foi esta a informação dada pela EDP, mas que o jornalista tem dúvidas?

 

 

[Texto 723]