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Linguagista

Revisão

E não só...

 

 

      Já era muito tarde, e por isso não passei do prefácio do tal livrinho, Discursar em Português... e não só, de Isabel Casanova (Lisboa: Plátano Editora, 2011). Começa assim: «Discursar em Português ... e não só. O discurso em análise constitui uma abordagem pragmática ao discurso e à linguagem da persuasão. Na verdade, a nossa vida é uma vida plena de retórica social em que a arte de persuadir desempenha importância de relevo.» Suspeito que a obra não teve revisão. Este «desempenha importância de relevo» já é indício suficiente, mas temos outro mais subtil: no título, antes (!) das reticências há sempre um espaço.

 

[Texto 728]

«Nível», «a nível de»

Ainda nos lembramos

 

 

      «Infelizmente, constatar é um galicismo muito divulgado a nível citadino, mas que nada traz de novo ao português», lê-se no Prontuário Ortográfico Moderno (Porto: Edições Asa, 1985, p. 135), de Manuela Parreira, José Manuel de Castro e José Manuel de Castro Pinto. A desculpa é que isto foi escrito em 1985, e os leitores ainda não podiam atirar pedras para estes telhados de vidro. Emitem um julgamento desfavorável em relação a «constatar» — e com razão, diga-se —, mas usam uma expressão absolutamente bastarda: a nível. Use-se somente, e ainda assim com parcimónia, neste caso: «A nível de: Galicismo muito utilizado por intelectuais brasileiros, empregado também por portugueses, mas o seu uso só se justifica quando se pretende indicar movimento (exemplo: “a inflação elevou-se a níveis intoleráveis”)» (Normalização para Trabalhos de Conclusão em Educação Física, João Carlos Jaccottet Piccoli. Canoas: Ed. ULBRA, 2.ª ed., 2006, p. 134).

 

[Texto 727]