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Linguagista

Sobre «pro-drop»

Para evitar as formas de tratamento

 

 

      «Formas verbais sem sujeito expresso são formas diplomáticas de tratamento, que permitem evitar elegantemente a dificuldade social das formas nominais. Conhece-se este fenómeno pela expressão inglesa prodrop, construção que deixa cair (drop) o pronome (pro), evitando assim ter de tomar decisões difíceis entre uma panóplia de formas de tratamento» (Discursar em Português... e não só, Isabel Casanova. Lisboa: Plátano Editora, 2011, pp. 82-83). A seguir, os exemplos: «Sabe onde fica a catedral? Quer vir comigo? Pode sair».

      Em lado nenhum encontro outra grafia que não seja pro-drop ou pro drop. Quanto a esta característica da língua portuguesa (não se poderia prescindir da expressão, usando sempre em alternativa, como por vezes se vê, sujeito nulo?), sim, é verdade, o que a torna ainda mais maleável e única. Afinal, o universal inglês, por exemplo, não a tem.

 

[Texto 764] 

Tradução: «surprise party»

De surpresa

 

 

      Os filhos quiseram fazer-lhe uma surprise party pelo 75.º aniversário. Como traduzimos? Melhor, como escrevemos? Festa-surpresa, festa surpresa ou festa de surpresa?

      «Faz-me falta a música para dançar ao teu lado neste noante em que vogo. Tive a minha festa-surpresa, sim — apareceram-me todos, carregados de flores, ao lado do caixão. Mas só tu cantas encostado ao gelo da minha boca azul» (Fazes-me Falta, Inês Pedrosa. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 16.ª ed., 2007, p. 159).

      «Para seduzir o rapaz tentou de tudo, chegando ao ponto de organizar na Ilha uma festa surpresa, em sua homenagem, para a qual convidou as famílias mais notáveis da cidade» (D. Nicolau Água-Rosada e Outras Estórias Verdadeiras e Inverosímeis, José Eduardo Agualusa. Lisboa: Vega, 1990, p. 33).

      A forma com hífen é muito recente (década de 1990?), pelo menos em Portugal, e resta saber se é mesmo necessária.

 

[Texto 763]

Como se fala na rádio

Uma frase que sobra...

 

 

      Alexandre David, no noticiário das 9 da manhã na Antena 1: «Pedro Passos Coelho faz saber que existe um excedente de 2 mil milhões de euros para injectar na economia. Uma frase que sobra da entrevista que vem publicada na edição deste domingo do jornal Público

      Já tínhamos visto este modismo, mas é bom não o deixar passar sempre sem reparo.

 

 

[Texto 762]

Léxico: «radiobaliza»

É bom que esteja

 

 

      «Mário de Almeida aproveitou para dizer que acha “imperativo” dotar os barcos de uma radiobaliza com GPS. Só com isso se pode localizar embarcações que se percam em alto mar. O presidente da associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar, José Festas, também» («Foram 57 horas de muita reza e algum desespero», Ana Cristina Pereira, Público, 4.12.2011, p. 15).

      Poucos dicionários acolhem o termo. O Dicionário Houaiss regista-o: «emissor de fraca potência, modulado por um sinal de identificação e usado para guiar navios no mar ou para indicar aos aviões a sua posição».

 

[Texto 761]