Léxico: «assilvestrado»
Por mim, abro-lhe os braços
Já aqui tinha estranhado o adjectivo «assilvestrado», que li na revista Notícias Magazine. Hoje, uma bióloga, R. P., diz-me que viu usarem a palavra numa reportagem no programa Portugal em Directo. Entre aspas, acrescenta. «Cães “assilvestrados” da Arrábida atacam rebanhos», lia-se em rodapé. Diz-me ainda que, como bióloga, já teve necessidade de usar uma palavra portuguesa equivalente à inglesa feral, mas até agora desconhecia-a. «Será um neologismo ou os dicionários em que procurei simplesmente não o registam?» Ocasionalmente embora, é usada em português há algum tempo. Está bem formada, é necessária, é expressiva e substitui vantajosamente um termo inglês — verificam-se todos os requisitos, creio, para incentivar o seu uso. Tanto mais que, como agora é moda, se se usar o termo inglês e não se grafar em itálico ou entre aspas, alguém ainda pode pensar, legitimamente, que é o português «feral» — funéreo, fúnebre, lúgubre. E, para terminar, a origem do termo? Bem, provavelmente o catalão assilvestrat, da: «ZOOL Dit de l’animal domèstic que ha fugit i s’ha tornat salvatge».
[Texto 771]