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Linguagista

«Estacar/estancar»

Aqui não há erro. (Uf!)

 

 

      «Um rato selvagem saltou da relva para a pista, onde estancou por um breve momento, encandeado pelos faróis do jipe» (Uma Semana no Aeroporto – Um Diário de Heathrow, Alain de Botton. Tradução de Manuel Cabral e revisão de Tiago Albuquerque Marques. Alfragide: Publicações Dom Quixote, 2011, p. 110).

      Nesta acepção, estacar e estancar são sinónimos, ao contrário do que se possa pensar. No entanto, não é habitual ver-se, e eu, para evitar equívocos (mas os leitores têm de aprender, sim), não o usaria. Já encadear e encandear não são sinónimos, e é erro que vejo com alguma frequência. Não se confundam cadeias com candeias.

 

[Texto 879]

«Nigga bitch»

N—A B—H

 

 

      «A cantora Rihanna anda zangada. Há dias, escreveu no Twitter que, em Portugal, tinha sido alvo de racismo e agora indignou-se porque a publicação de moda Jackie qualificou o seu estilo de vestir como nigga bitch. Rihanna acusou a redactora-chefe de ser responsável por uma publicação que não defende os direitos humanos, comportando-se de forma desrespeitosa. Esta demitiu-se, dizendo que bitch, na Holanda, se utiliza sem problemas para descrever uma pessoa irritante» («Rihanna em nova polémica», «P2»/Público, 23.12.2011, p. 19).

      E depois? Se lhe chamou nigga bitch, para que é para aqui chamado o particular matiz que bitch tem na Holanda? Irritante, esta Eva Hoeke. Bitch.

 

[Texto 878]

Falsos amigos

Ao lado

 

 

      «A 1 de Janeiro, o castelo de Windsor estará convertido num palácio ecológico, sendo capaz de gerar a sua própria electricidade. Ou seja, a rainha Isabel II continua determinada em ter uma monarquia verde. Antes já havia mandado instalar uma planta hidroeléctrica em Balmoral, Escócia» («Isabel II é uma rainha verde», «P2»/Público, 23.12.2011, p. 19). Sim, a rainha «has installed a small hydro-electric plant at Balmoral which is selling electricity to the national grid». Senhor jornalista: em espanhol é que planta também é a «fábrica central de energía, instalación industrial». Mas nós estamos em Portugal, não é?

 

[Texto 877]

O «Público» errou

Dados mais finos

 

 

      «Na edição do PÚBLICO de dia 8 escrevia-se em título que “Um quinto da população portuguesa não tem qualquer nível de ensino”. Embora o número fornecido pelo INE esteja correcto, devia ter-se referido que neste valor o INE incluiu as crianças sem idade para poderem ter qualquer nível de escolaridade, o que significa que, retirada esta população, o indicador será bastante mais baixo. No entanto, não há neste momento no Censos 2011 dados mais finos que permitam conhecer esta realidade com rigor, algo que só acontecerá com a divulgação dos dados definitivos, em 2012. Pela omissão daquela informação, as nossas desculpas» («O Público errou», Público, 23.12.2011, p. 32).

      Oito dias depois de o provedor do jornal ter referido, citando a carta de um leitor, o caso é que vêm fazer a correcção. Quando se erra e se sabe que se errou, a correcção só perde na demora. No sobe e desce, fica bem lá em baixo.

 

[Texto 876] 

Acordo Ortográfico

Isso é dAO

 

 

      «Todos os anos, a revista Science escolhe o avanço do ano. Em 2011, a escolha tem um carácter quase mais político do que científico: os ensaios clínicos que demonstraram claramente que os medicamentos antirretrovirais previnem a transmissão do HIV entre casais heterossexuais, quando um dos elementos não tem sida» («Prova de que medicamentos para HIV previnem transmissão da sida é avanço do ano», Clara Barata, Público, 23.12.2011, p. 21).

      Assim, em doses homeopáticas, os leitores do Público não vão rejeitar as novas regras ortográficas. Então não é anti-retroviral que devia ter escrito, cara Clara Barata? Quais são as ordens?

 

[Texto 875]

Como se escreve nos jornais

É o que vem à cabeça

 

 

      «Este tipo de condição acontece uma vez em cada 100.000 gravidezes, mas a sobrevivência é de 50%. Este é o segundo caso de siameses ligados pelo corpo num ano no Brasil, os primeiros morreram no nascimento. Nos EUA, um dos casos mais célebres é o das gémeas Abigail e Brittany Hensel, nascidas em 1990. Segundo a BBC News, ambas têm tido uma vida normal dentro do possível e até tiraram a carta de carro quando fizeram 16 anos» («Gémeos partilham maioria do corpo», Público, 23.12.2011, p. 21).

 

[Texto 874]