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Linguagista

Ortografia: «painho»

Câmara de maravilhas

 

 

      «Era um senhor alentejano que vinha trazer pão ao cozinheiro do restaurante onde eu ia almoçar. Este incitou-me a segui-lo até à carrinha, por “estar cheia de coisas boas”. Assim fiz e lá descobri um único balde cheio de azeitonas novas, pão, paios, paínhos e queijinhos de ovelha. Era um wunderkammer de entradinhas» («Olá e adeus», Miguel Esteves Cardoso, Público, 29.12.2011, p. 29).

      A palavra não é acentuada — como não são acentuadas as palavras «buinho», «cainho», «moinho», «rainho», por exemplo. Nestas e noutras, a semivogal vem seguida do dígrafo nh da sílaba seguinte, que a anasala, levando-a a formar por si só uma sílaba: pa-i-nho.

 

[Texto 892] 

Sobre «colmatar»

Outros riscos

 

 

      «O risco de escrever sobre este assunto, com um título destes, é sempre o risco de moralizar em excesso, de opinar em causa própria e de ficcionar um diálogo grandíloquo com um ausente. Vou procurar colmatá-los evitando um tom plástico e circunscrevendo a minha defesa» («Carta a um ex-leitor de jornais», Pedro Lomba, Público, 29.12.2011, p. 32).

      «Colmatar riscos». Chegará a extensão semântica a tanto? Não me parece.

 

[Texto 891]

Sobre «convocar»

Chamado a depor

 

 

      «Além de Iñaki Urdangarin, o juiz José Castro, titular do processo, imputou a prática dos crimes ao seu sócio Diego Torres e outros dirigentes do Instituto Nóos, chamados a testemunhar já no dia 5 de Janeiro. O ex-director-geral de Desportos do Governo das Ilhas Baleares, o ex-director da Fundação Illesport e o responsável pelo Instituto Balear de Turismo também foram convocados («Iñaki Urdangarin chamado a depor em tribunal», Rita Siza, Público, 30.12.2011, p. 30).

      Convocar é também solicitar a presença de alguém, geralmente de forma imperativa, mas não é o verbo habitualmente usado para exprimir a ordem com intimativa emitida por um tribunal. O monarca, antigamente, convocava as cortes. Convocava a palácio (como se dizia então) governadores e outros representantes da Coroa, etc.

 

[Texto 890] 

O «Público» errou

Erro num caso, gralha no outro

 

 

      «Por uma necessidade de simplificação de linguagem na manchete da edição de ontem dizia-se que “Quem pedir isenção das taxas da Saúde vai ter de revelar dados fiscais”. De facto, trata-se não de “revelar”, mas de autorizar o acesso a esses dados. Face à eventual confusão que o título possa ter gerado nos leitores, aqui fica a explicação» («O Público errou», Público, 30.12.2011, p. 40). Sim, é um pouco diferente... Imagino as reclamações que receberam dos leitores. E hoje, no «Sobe e desce», sobre a ministra da Justiça: «Ao enterrar os famosos Campus de Justiça, o Estado irá gastar menos 15 milhões de euros por ano em rendas».

 

[Texto 889]