«Excepção de pessoas»?
Como é?
Na edição da História Trágico-Marítima anotada e comentada por António Sérgio, publicada em 1956, lê-se: «Assim se punha tudo em um monte, trabalhando todos sem haver ai exceição de pessoas, todos igualmente; os que não sabiam nadar, trazendo às costas e tirando-o do mar, com a água que lhe dava pelo pescoço, o que achavam por esses recifes [...].» Anota António Sérgio: «EXCEIÇÃO DE PESSOAS. Ou, antes, acepção (preferência) de pessoas (do latim “acceptio”). Ao que nos parece, o autor confundiu “acepção” com “excepção”, de que se encontra a forma antiga e popular “exceição”.»
António Pereira de Figueiredo na tradução do Novo Testamento: «Estes pois lhe fizerão huma pergunta, dizendo : Mestre, sabemos que fallas, e ensinas rectamente : e que não fazes excepção de pessoas, mas que ensinas o caminho de Deos em verdade.» Numa edição de 1856 das obras do P. António Vieira, também se lê: «E os mesmos castigos, sem haver excepção de pessoas, se dão ás mulheres donzellas e moças, e tão honestas, que em sua casa e de seus paes, não as via o sol, nem a lua [...].»
[Texto 957]