«Poço preenchido»!
Oh tristeza incomparável!
«– Há as ruínas de um [poço] mesmo atrás da casa. Descobri-as mal cá cheguei. Mostrei-as ao tio Maurice e ele disse que deve ter havido ali, em tempos, um poço, mas que fora entretanto preenchido com terra» (Tesouro Mágico, Gwyneth Rees. Tradução de Paula Alves e revisão da tradução de Ana Maria Chaves. Lisboa: Edições Asa, 2.ª ed., 2011, p. 178). «Algumas das pedras que, em tempos, tinham debruado o rebordo do poço continuavam a formar um círculo irregular no chão, apesar de o poço propriamente dito ter sido preenchido com terra já há muito tempo e de estar agora coberto de relva» (idem, ibidem, pp. 179-80).
É tristíssimo ver esta falta de vocabulário. Tradutora, dois revisores certamente... Como dizia a minha avó, quantos mais são, menos fazem (e menos avulta o quinhão, rematava o meu avô). Tomai lá de Eça: «Encontrou enfim o poço atulhado ao pé de dois castanheiros onde pássaros ainda chilreavam» (O Crime do Padre Amaro, Eça de Queiroz).
[Texto 1008]