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Linguagista

Sobre «desapontamento»

Passo

 

 

      «Albert Speer, o arquitecto do Reich, afirmou que Eva Braun “iria provar-se um grande desapontamento para os historiadores”. Um mistério trágico e medíocre» («Nascimento de Eva Braun, a amante de Adolf Hitler», «P2»/Público, 6.02.2012, p. 2).

      Desapontamento é anglicismo desnecessário, como qualquer falante reconhecerá. E há-de ser, digo eu, por Garrett declarar, no prefácio da Lírica de João Mínimo, que tem virtudes expressivas que nem sequer Montexto o enjeita. Por mim, embora saiba perfeitamente que está muito enraizado na nossa língua, detesto-o. «Nunca agradeceremos demasiado», escreveu José Gomes Ferreira, «a Garrett este abençoado anglicismo: desapontamento.»

 

[Texto 1071] 

Outro colocanço

É uma doença

 

 

      «O antigo ministro da Cultura de José Sócrates José António Pinto Ribeiro não conseguiu provar em tribunal que o jornal Expresso deturpou as suas declarações numa entrevista que concedeu ao semanário em 2008. O Ministério Público arquivou a queixa por difamação e Pinto Ribeiro foi colocando recursos até chegar ao Tribunal Constitucional» («Pinto Ribeiro perde processo contra Expresso», Maria Lopes, Público, 6.02.2012, p. 9).

      Que desgosto, Maria Lopes, que desgosto, então agora é assim que escreve? «Colocando recursos»!

 

[Texto 1070]

Hortaliças e legumes

Chegámos aos canos

 

 

      «Aliado a este programa de exercício, está ainda a divulgação do consumo de comida saudável, nomeadamente de legumes e frutas frescas» («Michelle Obama foi ao tapete, mas venceu Ellen», Fernanda Mira, Diário de Notícias, 3.02.2012, p. 53).

      Legumes, legumes, sempre os legumes... Não fica nada de fora? Acabei de ir a um supermercado Continente e comprei uma embalagem de 250 g de bicarbonato de sódio, onde se lê: «Na cozedura de hortaliças e legumes ajuda a manter a cor e o sabor.» No meu caso, é para desentupir os canos do lava-loiças e do lavatório. Não há melhor. Despeja-se no cano meia chávena de vinagre branco e meia chávena de bicarbonato de sódio. Tapa-se o ralo. Ao fim de 15 minutos, despeja-se nele uma chaleira de água a ferver.

 

[Texto 1069] 

Como se escreve nos jornais

E a propósito de siglas e acrónimos

 

 

      «A marca [Bruma] nasceu em 2002, mas a história da empresa recua a 1953, quando o sogro de Baldomero [Talaia] e dois outros sócios abriram uma fábrica em Vila Nova de Famalicão, a Fermacar – o diminutivo e a junção dos três apelidos: Ferreira, Marques e Carneiro» («As torneiras que fazem correr água pelo mundo», Sónia Simões, Diário de Notícias, 3.02.2012, p. 34).

      Cara Sónia Simões, tem a certeza de que sabe o que é um diminutivo? Confira: palavra formada com um sufixo que expressa a ideia de pequenez ou valores afetivos (carinho, intensidade, etc.).

 

[Texto 1068]

Como se fala na televisão

MPAGDP

 

 

     Ontem, na RTP, falou-se novamente no projecto, já aqui referido antes, A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria. Segundo Tiago Pereira, realizador e mentor do projecto, o objectivo é «tirar as coisas de ser rural ou ser urbano e misturar tudo e aquilo chegar ao maior número de pessoas possíveis e disseminar-se por outros públicos».

 

[Texto 1067]