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Linguagista

Como se fala na rádio

... base, sustentáculo...

 

 

      Jornalista Jorge Correia, no noticiário do meio-dia na Antena 1: «Whitney Houston passou os últimos com vários problemas sentimentais, de dinheiro e de carreira. Estava, de resto, prestes a ficar na rua, sem casa, se não fosse o suporte e apoio dos seus amigos mais próximos.»

 

[Texto 1098]

Léxico: «palude»

Fora dos dicionários

 

 

      «Quem visita o Sudão do Sul fica com a impressão de que esta é uma terra de contrastes, a começar pela geografia e pelo clima: as savanas secas alternam-se com as paludes e as florestas tropicais; o calor intenso da estação seca contrasta com a humidade da estação das chuvas.» Nunca tinha visto, fora dos dicionários, a palavra «palude». Directamente do latim, é o mesmo que pântano, paul, lagoa. «Paludismo» tem aqui raiz. Quem usou a palavra só se enganou no género, que é masculino.

 

 

[Texto 1097]

Infinitivo pessoal e impessoal

E quem não ficaria?

 

 

      «A questão dos infinitivos flexionados continua a dar-me cabo da cabeça, e não encontro solução para ela», escreve-me um leitor habitual do blogue. «Será o gosto pessoal o único critério?» A dor de cabeça foi agravada — e com que razão! — por este parágrafo da crónica de Pacheco Pereira no Público de ontem: «O país divide-se assim entre funcionários públicos, vivendo do erário público, acima das suas posses, e fazendo tudo para ter feriados e não trabalhar (os “preguiçosos”), cultivando um egoísmo social assente em pretensos “direitos adquiridos” (“autocentrados”); e jovens yuppies, dinâmicos e empreendedores, com uma “cultura empresarial”, capazes de correrem riscos (“competitivos”), sem cuidarem de terem “direitos” para subirem “por mérito” na escala social (“descomplexados”). Nem uns nem outros existem na vida real, nem sequer como caricaturas, que é o que isto é, mas isso pouco importa» («A nova luta de classes», p. 32).

 

[Texto 1096]

Sobre «hipster»

Degenerámos

 

 

      «Existe o mito de que os espanhóis traduzem tudo: expressões idiomáticas, termos técnicos, nomes de bandas. Não é verdade, apenas são suficientemente confiantes para arriscar em neologismos mais patrióticos. Por isso, frente a alguém que engole tendências de moda com a mesma rapidez com que muda de banda indie favorita, nós, os portugueses[,] dizemos que “é da cena”, escapando ao objectivo de classificar o objecto, ou que é um “hipster”, um estrangeirismo preguiçoso e reconfortante. Um espanhol diz, com todo o orgulho latino, que vai ali um “moderno”. Assim mesmo, a carregar no erre» («Moderna de Pueblo. Com a modernice (não) me enganas», Margarida Videira da Costa, «Liv»/i, 11.02.2012, p. 8).

      O Dicionário Inglês-Português da Porto Editora apenas regista neste verbete: «antiquado termo designativo de determinadas pessoas com certas semelhanças com os beatniks e igualmente integradas na Beat Generation». Falta um sentido, por sinal bem moderno. Já sugeri, porque, além de criticar, temos de contribuir activamente para as coisas mudarem.

 

[Texto 1095]