Não se percebe a intenção
«“A paz vai tardar” na comunidade de Beja, antecipa João Gregório, que diz ter andado “à escola” na primária com Francisco Esperança» («Prisão preventiva para alegado autor de triplo homicídio», Carlos Dias, Público, 16.02.2012, p. 10).
Não sei se gosto de ver os jornalistas, habitualmente tão desleixados quanto ao resto, tão atentos a estas diferenças linguísticas. Está a fazer um ano que a jornalista Catarina Pires tentou reproduzir o sotaque de uma imigrante chinesa: «Estudantes do 9.º e 6.º anos da Escola Selecta, em Lisboa, estão entre os melhores alunos e, quando não estão nas aulas, estão em casa a estudar. “Acho que aquela é muito regulosa. Eu também sou, mas ainda não cheguei ao nível dela. Ela é mais exigente”, observa Inga, a rir» («Mães tigre em Portugal», Catarina Pires, Notícias Magazine, 6.03.2011, p. 69).
«Nega, contrafeito, e informa-me que é de Évora. Digo-lhe de onde sou. Servido o brande, com mão de alentejano para alentejano, a conversa adianta-se, fluente e íntima como se nos conhecêssemos de andar à escola» (Crónicas Algarvias, Manuel da Fonseca. Lisboa: Círculo de Leitores, 1987, p. 72).
[Texto 1111]