Quais estrangeirismos?
Este é que era sensato
«Rui Barbosa, no lugar indicado da sua Réplica que eu cito sempre que posso e com loa pela muita erudição que encerra e pela fadiga e trabalho que deve ter custado a seu autor, salvou palavras e construções do injusto ferrete de galicanas, e mostrou o quanto é delicada e exposta a equivocações a divisão exacta dos vocábulos em estranhos e castiços, pois pululam grande número de vozes, que, ainda que parecem novas e de fisionomia tirante ao francês, são de mui antiga e acrisolada ascendência. É preciso, pois, que se ponha suma atenção ao qualificar as palavras e frases que se supõem suspeitosas do pecado de estrangeirismo, para que não suceda que, por excluir as forasteiras, vindas de França, arrojemos tambêm do seu próprio solar palavras lusitaníssimas» (Fatos da Língua Portuguesa, Mário Barreto. Rio de Janeiro: Presença Edições, 3.ª ed., facsimilada, 1982, p. 117).
Faz lembrar o provérbio (alemão?) que diz que não se deve deitar fora o bebé com a água do banho, que ainda ontem ouvi na rádio. Como a pessoa que estava ao meu lado elevou para mim um olhar interrogador, posso supor que é menos universal do que eu pensava? Não. Se estivéssemos a ouvir a BBC Radio 4 — Throw out the baby with the bath water either —, o olhar já teria sido de entendimento.
[Texto 1141]