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Linguagista

«Safe House»

Entre aspas?

 

 

      As Irmãs Oblatas sugeriram a criação de uma cooperativa gerida por prostitutas («trabalhadoras do sexo», disseram a repórter da RTP e a coordenadora do grupo de rua daquela congregação) e a Câmara Municipal de Lisboa pondera concretizar o projecto. É um prostíbulo, pois então, mas já macaquearam o que dizem os frandunos e é uma safe house. («Casa das safadas», dirão depois os moradores do bairro.) João Meneses, responsável do programa de requalificação da Mouraria, disse: «Veja, isto distancia este projecto claramente, tem muitíssimas mais valências do que um projecto de natureza meramente sexual, e de facto não tem o primado do lucro, e de facto não tem o indivíduo, que é o empresário, que explora, entre aspas, essas mulheres.» Mas a CML vai mesmo apoiar? Hum... A repórter só conseguiu arrancar isto ao presidente, António Costa: «Não vou antecipar a análise sobre esta ou aquela medida isoladamente, por muito sexy que possa ser o título de algumas propostas.»

 

[Texto 1169]

«Fazer “pendant”»

‘Tá mal

 

 

      No Reino Unido, a rainha, a duquesa da Cornualha e a duquesa de Cambridge foram de Rolls-Royce visitar uma loja. O jornalista da RTP Luís Filipe Fonseca disse que iam «todas vestidas de azul, a fazer pendant». A indumentária da rainha atirava mais para o verde, isso é que eu vi, e que o jornalista usou desnecessariamente uma palavra francesa. Ah, sim, já há dicionários — dada a estonteante frequência de uso da palavra — que a aportuguesaram para «pandã».

 

[Texto 1168]

Como falam os médicos

‘Tá bem?

 

 

      Uma repórter da RTP, Margarida Neves de Sousa, foi assistir a três operações cirúrgicas para remoção de implantes mamários da marca PIP, em Lisboa e em Vila Nova de Gaia. Numa delas, o médico ia dizendo o que estava a fazer, com direito a legendas (pouco fiéis) e tudo: «Vamos fazer uma biopsiazita, ‘tá bem?, porque é mandatório.» A jornalista, contudo, disse o mesmo mas em linguagem de gente: «A notificação ao Infarmed deveria estar a ser feita em tempo real, até porque é obrigatória, tal como a retirada de amostras para análise.»

 

[Texto 1167]