Continua a mistificação
«Como é possível que o Expresso, a EDP e a CGD», pergunta, e muito bem, o leitor José R. C. Ameida (sic) na edição de anteontem do Diário de Notícias, «patrocinem uma iniciativa com este conteúdo: “Dos projetos do Infante nasceu um Império. Da sua vontade, uma época de glória nacional. Da remota Escola Náutica de Sagres desenhou-se um Mundo novo, criou-se a civilização transoceânica, renovou-se Portugal.” A Energia de Portugal procura empreendedores com base numa propaganda historicamente descontextualizada. A Escola Náutica de Sagres nunca existiu, não tem base documental, nem arqueológica. “Os bancos da escola de Sagres foram as pranchas das caravelas.” (Luciano Pereira da Silva). Quanto à iniciativa das viagens, foi plural. “Um terço das viagens conhecidas foi por ordem do Infante D. Henrique, os outros dois terços resultaram da iniciativa de vários particulares — cavaleiros, escudeiros e mercadores, e da ação política do regente D. Pedro.” (Vitorino Magalhães Godinho). Este anúncio cheira-me a nacionalismo barato e salazarento, promovido por quem nunca leu A Economia dos Descobrimentos, de Vitorino Magalhães Godinho, ou consultou o Dicionário de História de Portugal, dirigido por Joel Serrão. O Expresso, a EDP e a CGD promovem, em nome da propaganda, toda esta ignorância histórica. Notável.»
[Texto 1254]