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Linguagista

«Antárctida/antárctica»

Para cabeças tão fracas

 

 

      E, porque estamos em maré de confusões, outra que me irrita, pela frequência e por sair da pena até de cientistas (!), como vi agora mesmo, é a troca entre Antárctida e Antárctica. Sei lá, afirmar-se, por exemplo, que a foca-leopardo é a maior das focas da Antárctica. Não aprenderam, como eu, que o Antárctico é o oceano situado no pólo sul? Pois antárctica — com minúscula, seus confusionistas — é a flexão do adjectivo «antárctico», relativo ao pólo sul ou às suas vizinhanças; que se encontra no Sul; meridional; austral; que vive nas regiões glaciais do Sul. Nada mais. E já é, francamente, muito, para cabeças tão fracas.

      F. Rebelo Gonçalves regista-o na segunda coluna da página 81 do seu Vocabulário da Língua Portuguesa: Antárctida. Como Atlântida, que o Vocabulário também acolhe.

 

[Texto 1605] 

O desvario das aspas

Vamos ver se é desta

 

 

      «Edoardo Mangiarotti conquistou 13 medalhas olímpicas, entre 1936 e 1960, seis delas de ouro. O mais “medalhado” atleta italiano e da esgrima em todo o mundo, [sic] morreu na sexta-feira, em sua casa, com 93 anos» («O ‘ás das espadas’ italiano que o pai obrigou a ser canhoto», C. L., Diário de Notícias, 28.05.2012, p. 43).

      C. L., porque usou ali as aspas, não quer dizer a este leitor do Diário de Notícias, não?

      É curioso que o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, que regista «condecorado» como adjectivo e substantivo, não faça o mesmo com «medalhado», que aparece meramente como particípio passado de «medalhar». Contudo, a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira regista: «MEDALHADO, adj. e pp Honrado com medalha em recompensa de qualquer acção ou mérito: lobo do mar medalhado por ter salvo muitas vidas; “Membro medalhado da Sociedade de Geografia de Londres”, Gastão Cruls, A Amazónia que Eu Vi, p. 217.»

 

[Texto 1604] 

Suspeito, precisa-se

Ou não

 

 

      Jornalista Fátima Araújo, no Bom Dia Portugal de ontem: «Um homem foi esfaqueado, esta madrugada, em Lisboa, e morreu. Aconteceu na Rua dos Anjos, perto do Largo do Intendente. A vítima, de 36 anos, foi esfaqueada no pescoço. Foi conduzida pelo INEM ao hospital, onde chegou já sem vida. Não há informações sobre o que esteve na origem deste homicídio e também não se sabe do paradeiro do suspeito.»

      Qual suspeito? Não se sabe é do paradeiro do responsável deste crime, do agressor, do homicida. Vá lá, podia — e não pode sempre? — ter sido pior: os jornalistas também gostam de «eventual suspeito».

 

[Texto 1603]

 

Conjunções, conjugações e confusões

Por tuta-e-meia

 

 

      A propósito do que a tal professora de Português (chi!) tachava de «erro científico», lembrei-me agora da confusão que por aí vai nos manuais entre «conjugação» e «conjunção». Na página 6 do livrinho Com ou sem Hífen, publicado pela Porto Editora (ver aqui), lê-se que no vocábulo «tuta-e-meia» a um nome se segue uma conjugação — que é o e. Na página 158 do manual de Língua Portuguesa Dito e Feito, para o 5.º ano (ver aqui), pede-se ao aluno que diga se é verdadeira ou falsa a seguinte afirmação: «O verbo “pôr” (v. 15) pertence à segunda conjunção.» Será que a professora alerta os seus alunos para estes erros?

 

[Texto 1602]