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Linguagista

Sobre «assexual»

Mas reparem

 

 

      «“Nem fazem ideia o quanto me sinto aliviada depois de ler este tópico. Sempre pensei que era uma esquisita... e considerei-me mesmo assexuada... mas como nunca tinha ouvido falar, achei que estava maluca.” É a afirmação de quem diz não ter desejo sexual no fórum da Rede Ex Aequo, associação de jovens lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e simpatizantes (LGBT) e onde se discute se esta é uma nova orientação sexual. O assunto não é pacífico nestes grupos, como também não o é na comunidade científica. Mesmo quando os estudos revelam que 1% da população é assexual» («Não têm desejo sexual e sentem-se bem com isso», Céu Neves, Diário de Notícias, 1.07.2012, p. 16).

      O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora apenas regista uma acepção de assexual, e não é a usada no artigo: «que não provém de uma união sexual».

 

 

 [Texto 1752]

Regência de «inspirado»

Quando há escolha

 

 

      «Por estes dias, estreou-se em Telavive um espectáculo de dança inspirado pelo Diário e pela vida de Anne Frank. O facto, aparentemente trivial, torna-se notícia quando se sabe que o espectáculo começou por ser concebido na Venezuela para exibição local e foi proibido por ordem de Hugo Chávez, que “sugeriu” aos coreógrafos a troca do tema pelo do “sofrimento palestiniano”» («A segunda morte de Anne Frank», Alberto Gonçalves, Diário de Notícias, 1.07.2012, p. 55).

      As regências verbais e nominais já aqui causaram alguma polémica. Quando há várias regências, o uso de uma em particular, mesmo que pouco habitual, apenas decorre do bom gosto. Como é o caso: eu não teria escrito «inspirado pelo», mas «inspirado no». Mas diz-se, consoante o contexto e o que se pretende significar, inspirado de, em, para e por.


 [Texto 1751]

«Evacuação/retirada»

Não apenas erros

 

 

      «Depois de ter declarado o “estado de grande catástrofe” no Colorado, o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deslocou-se ontem à região devastada pelo fogo que já destruiu 346 casas e obrigou à retirada de 36 mil pessoas» («Obama pede apoio para os bombeiros que estão a combater o fogo no Colorado», Diário de Notícias, 1.07.2012, p. 36).

      «Retirada», não «evacuação». Muito bem. O livro de estilo do Público recomenda: «Verbo cuja utlização requer alguma cautela e que (tal como evacuação) é de evitar em títulos. Só os locais são evacuados, as pessoas são retiradas e, às vezes, basta explicar que foram transportadas para, realojadas noutro local...»

 

 [Texto 1750]