Muito trabalho
«“Bruno Alves entrou na história assim que o penaste que apontou embateu com estrondo no ferro da baliza espanhola. O central, de 30 anos, não conseguiu bater Caselas e abriu o caminho da festa a Labregas e a maestros germanos.” Assim começava um artigo sobre o Portugal-Espanha, publicado no dia 28 de junho, no jornal Record. Não faz sentido? Pois... Mas experimente trocar penaste por penálti, Caselas por Casillas, Labregas por Fàbregas e maestros germanos por nuestros hermanos e talvez fique esclarecido. Afinal, tratou-se de mais uma proeza dos corretores ortográficos automáticos, capazes de pregar as maiores partidas em qualquer redação. O mais curioso é que o próprio diretor do Record, ainda ontem, publicou uma crónica (“Asneiras que doem”) no Correio da Manhã em que aponta alguns erros de jornalistas em diretos televisivos, que considera serem “fruto do desinvestimento geral na qualidade”. E, também ontem, o mesmo diretor assina outra crónica do Record a penitenciar-se pelo erro do seu jornal e por escrever sobre “asneiras alheias”. Ficou confuso? A VESPA também. Mas tem a certeza de que, desta vez, não foi obra do corretor ortográfico» («Asneiras alheias», Diário de Notícias, 8.07.2012, p. 13).
Agora, com os corretores a trabalharem na Bolsa e nas redacções, tudo piorou, já se sabe. Mas agora a sério: o software ainda não é assim tão inteligente.
[Texto 1783]