Plural: «papos-secos»
É o que se ouve
Em parte, temos de o admitir, a jornalista tem razão: o que ouvimos é «papo-secos». Mas é assim que se fala, a mascar e a engolir fonemas. No caso, o encontro de dois ss de sílabas diferentes tinha de dar nisto.
O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora garante que «papo-seco» é popular. Amílcar Ferreira de Castro, em A Gíria dos Estudantes de Coimbra, afirma que «em Lisboa costuma chamar-se aos pães pequenos “papos-secos”. Esta designação é dada também aos janotas, pelo que pãozinho veio provàvelmente a ter o mesmo sentido» (p. 91). Até agora, quase só ouvi a palavra no Alentejo e muito pouco em Lisboa.
«O Pedro continuava, mais mais, agora os poemas do novo livro, já em provas, poemas que estalavam, novinhos em folha, moletes, papos-secos, pães a quebrar a crosta, vivinhos da costa, polidos na teta da origem» (O Mundo à Minha Procura, vol. 3, Rúben A. Lisboa: Parceria A. M. Pereira, 1968, p. 14).
[Texto 1950]