Da última vez
«O caminho escolhido incluía a saída da Baixa, a passagem pela Sé, o Miradouro da Graça, a Feira da Ladra, o Panteão Nacional, a Casa dos Bicos e regresso à Baixa – parte do percurso azul.
Todas estas ruas têm duas coisas em comum: uma grande inclinação e a calçada portuguesa. E é esta última que proporciona uma bela massagem durante todo o trajeto» («Conhecer a Cidade das Sete Colinas ao sabor da ‘massagem lisboeta’», Ana Bela Ferreira, Diário de Notícias, 20.08.2012, p. 47).
Ai sim? A última vez que passei por aqueles lados as ruas estavam calcetadas com paralelepípedos. Ainda se fosse na oralidade, compreendia-se: «Paralelepípedo, palavra má de pronunciar, palavra enrodilhada, já o povo a ia desbotando em “paralelo”... Pois que deixassem o povo! As leis da linguagem, ao menos, era ele quem as sabia: deixassem-no legislar» (Uma Noite na Toca do Lobo. 2.ª edição. Lisboa: Editorial Verbo, 1964, p. 75).
[Texto 1993]