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Linguagista

Nomenclatura científica

Peixe médico

 

 

      «O conceito de colocar os pequenos peixes Garra Rufa a fazer manicure e pedicure em centros comerciais era desconhecida por cá e o jovem empresário ainda recorda a estranheza dos primeiros dias» («A sua pele é o almoço dos peixes esfoliadores», Ana Bela Ferreira, Diário de Notícias, 30.08.2012, p. 15).

      Caríssima Ana Bela Ferreira: trata-se do nome científico do peixe, logo escreve-se Garra rufa. (E lá está o omnipresente «colocar».)

 

[Texto 2025]

Deixou de haver chefes

Nem os índios escapam

 

 

      Já nem chefes índios há — só líderes! «Iaualapiti é uma tribo indígena brasileira que mantém uma forte relação com a natureza e recusa a modernidade citadina. No Parque Nacional de Xingu, no estado do Mato Grosso, estes índios realizam todos os anos festejos em honra de uma personalidade morta que tenha sido importante para a tribo. O ritual em honra da morte tem o nome de quarup’ e dura vários dias. Este ano, os escolhidos foram um índio Iaualapiti, considerado um grande líder, e Darcy Ribeiro, um famoso autor, antropólogo e político, conhecido pelos seus esforços em melhorar a relação dos nativos com a restante população» («Iaualapiti. Rituais tribais no Brasil», Diário de Notícias, 30.08.2012, p. 6).

 

[Texto 2024]

«Há/à»

Ah, pois

 

 

      «O The Times também avança que uma das causas para a queda [de Carlisle Brigham Champalimaud] teria sido uma enorme mala de mão que a terá levado a desequilibrar-se. Antes de morrer, a jovem tinha estado num casamento. Depois disso terá ido a um bar com um amigo onde, segundo o The Times, foi vista “bastante embriagada”. Carlisle Brigham estava separada à nove meses do marido, que se encontra a trabalhar em Inglaterra» («Carlisle estaria embriagada quando caiu», Diário de Notícias, 30.08.2012, p. 21).

      Confundir a contracção da preposição a com o artigo definido no feminino singular a com a formal verbal do verbo «haver» é coisa que eu só julgava possível na escola primária.

 

[Texto 2023] 

«Paraolímpicos»

Chavões coxos

 

 

      «Os Jogos Paralímpicos de Londres 2012 começaram oficialmente ontem, um dia antes do início das competições. À semelhança da vertente olímpica, os atletas do desporto adaptado tiveram direito a uma receção com pompa e circunstância, dirigida pelos autores Jenny Sealey e Bradley Hemmings, na qual Stephen Hawking foi um dos protagonistas» («Stephen Hawking deu as boas-vindas a 4200 atletas», Rui Frias e Sarah Saint-Maxent, Diário de Notícias, 30.08.2012, p. 38).

      Bem se pode perder tempo a argumentar que paraolímpicos é mais correcto. E eu pensava que os jornalistas evitavam o uso da expressão, já tão gasta e vazia, «pompa e circunstância».

 

[Texto 2022] 

Como se escreve nos jornais

«Ques» a mais

 

 

      «A investigação que levou a esta descoberta, que foi realizada por investigadores alemães, canadianos, americanos e italianos, e que foi coordenada por David Grimaldi, do Museu de História Natural de Nova Iorque, implicou a análise de mais de 70 mil gotas de âmbar com uma dimensão entre os dois e os seis milímetros, até que finalmente os investigadores puderam gritar eureka – quando deram com os insetos» («Insetos mais antigos de sempre em âmbar», Diário de Notícias, 30.08.2012, p. 27).

 

[Texto 2021]

 

«Zona-tampão»

Sendo assim

 

 

      «No dia em que os rebeldes afirmaram ter bombardeado, com dois tanques, o aeroporto militar de Taftanaz (entre Idleb e Alepo), destruindo cinco helicópteros, e a televisão do Estado garantiu que as forças armadas destruíram “os quartéis-generais dos líderes dos grupos terroristas nos bairros de Chaar e Sakhour”, o Presidente sírio reapareceu em público para reafirmar a vontade decidida de vencer os rebeldes. Bachar al-Assad admitiu, em entrevista à televisão privada Ad-Dounia [sic] (considerada como favorável ao regime), que a vitória levaria ainda algum tempo. De caminho, rejeitou a ideia (francesa) de criar zonas tampão para proteger os milhares de deslocados, em fuga desesperada dos combates constantes» («Assad rejeita zonas tampão», A. M., Diário de Notícias, 30.08.2012, p. 26).

      Vasco Botelho de Amaral condenou esta expressão, mas, se se persiste em usá-la, pelo menos escreva-se correctamente: zona-tampão.

 

[Texto 2020]