Desconfiar, por princípio
«Jogador de rugby de apenas 22 anos, fazia parte dos quadros da equipa do Ulster, uma das quatro formações profissionais da Irlanda do Norte. Nevin morreu juntamente com o irmão e o pai quanto [sic] tentavam salvar um cão de um poço» («Nevin Spence», Diário de Notícias, 19.09.2012, p. 43).
A imprensa de língua portuguesa ora fala de poço, ora de tanque, ora de tanque de lama. Quis tirar a coisa a limpo. O The Guardian titula: «Ulster rugby star Nevin Spence died in slurry tank trying to save father». É uma versão mais crível, mas não é disso que quero falar. Reparem: tudo aconteceu num slurry tank. Poço? Tanque? Neste regulamento da Comissão Europeia, lê-se «reservatório de chorume»: «Tanque, feito geralmente de material impermeável, utilizado para o armazenamento de chorume.» Na versão inglesa, corresponde a slurry tank: «Tank, usually made of impermeable material, used for the storage of slurry.» Para o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, chorume (com a variante, hoje em dia já não registada nos dicionários, churume) é a gordura que ressuma da carne; suco e, em sentido figurado, substância, opulência, abundância. Nenhuma que se adeqúe propriamente ao contexto. Mas o Dicionário Houaiss (repetindo o que regista o Aulete) diz que é o «líquido que escorre da estrumeira e que se acrescenta ao estrume seco para enriquecê-lo como adubo».
[Texto 2116]