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Linguagista

Léxico: «acolar e encolar»

Pobres dicionários

 

 

      «Acolar. — Usa-se nas Beiras, com o mesmo sentido de encolar. Acolar uma criança é pegar nela ao colo, ou trazê-la ao colo. Alguns dicionários, justamente considerados modernos e copiosos, não trazem a forma acolar» (Glossário de IncertezasNovidades, Curiosidades da Lingua Portuguesa e também de Atrocidades da Nossa Escrita Actual, Agostinho de Campos. Lisboa: Livraria  Bertrand, [1938], 2.ª ed., p. 32). É o caso do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, que só regista «encolar» nesta acepção. E na versão digital nem sequer têm a desculpa da falta de espaço.

 

[Texto 2173]

Sinónimos, essa riqueza

É usá-los

 

 

      Podemos escrever solho, ou soalho, ou assoalho. São os três sinónimos. Podemos escrever cuspe ou cuspo. Como podemos escrever vergasta ou verdasca. Gole ou golo. São milhares. A grande riqueza de sinónimos é um tesouro da nossa língua que não podemos desperdiçar.

 

[Texto 2172]

«Sentido Algarve-Lisboa»

Nada de barras

 

 

      «Dois passageiros seguiam viagem nos bancos da frente e os colegas no banco traseiro, quando ao quilómetro 626 – um quilómetro após a Mimosa, no sentido Algarve/Lisboa – a viatura entrou no fatal despiste, por causas desconhecidas, que vão agora ser alvo de investigação pela GNR» («400 quilos de bobinas matam quatro funcionários da EDP», Roberto Dores, Diário de Notícias, 4.10.2012, p. 20).

      A indicar sentido, os topónimos são ligados por hífen, como já se têm lembrado de fazer: «Nos carris onde circulam os comboios no sentido Sintra-Lisboa (onde se deu o acidente) várias manchas de sangue, uma sola de sapato aparentemente feminino e umas luvas de enfermagem relatam o triste fim de Nádia, filha de Pedro Mário da Silva, ex-comandante dos Bombeiros de Agualva-Cacém e recém-empossado vice-presidente da Associação Humanitária da corporação» («Conversa ao telemóvel causa atropelamento», Isaltina Padrão, Diário de Notícias, 12.1.2008, p. 38).

 

[Texto 2171]

Ortografia: «febre-amarela»

Estão doentes

 

 

      «Maria João Alves, responsável do Centro de Estudos de Doenças Infecciosas do INSA, admitiu ao DN que o risco do [sic] vírus chegar a Portugal continental é real e reforçou a “importância da rede de vigilância”. A responsável sublinhou que há duas espécies de mosquitos com os quais estão “muito preocupados: o Aedes aegypti e um concorrente que é o Aedes albopictus, que também pode transmitir dengue e febre amarela. Este já existe em Espanha, onde foram registados dois casos autóctones. Em Portugal ainda não foi encontrado”, referiu» («Dengue da Madeira pode chegar ao Continente», Lília Bernardes, Diário de Notícias, 4.10.2012, p. 15).

      É febre-amarela que se escreve, com hífen, como Lília Bernardes devia saber. Até parece que a austeridade lhes levou também os dicionários.

 

 

[Texto 2170]

Ortografia: «pasodoble»

Olé!

 

 

      Consultamos o dicionário da Real Academia Espanhola, e lá está: pasodoble. «Marcha a cuyo compás puede llevar la tropa el paso ordinario; baile que se ejecuta al compás de esta música». No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, encontramos: paso doble. E porquê? «Do espanhol paso doble, “idem»)». Sim, e depois? Esse é somente o ponto de partida, agora os termos estão unidos, soldados.

      «Ao fim da tarde toda a gente se reuniu no salão nobre, e o senhor Camacho mandou parar a música do baile que era o pasodoble Valencia, avançou muito direito, e procedeu à entrega de um sobrescrito fechado à aniversariante, proferindo estas palavras, “Maria do Patrocínio, filha do meu coração, aqui vão cinquenta contos de réis que te ofereço como prenda de anos, e com os votos da maior felicidade.”» (Boa Noite, Senhor Soares, Mário Cláudio. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2008, 2.ª ed., p. 22).

 

[Texto 2169]